A ala direita do PT, e a esquerda pequeno-burguesa em geral, seguem no caminho aparentemente sem volta de dissociação cada vez maior de tudo o que diz respeito ao real interesse do povo.
Para esta turma de oportunistas, o horror não é ver o grande capital armando suas milícias – oficiais e clandestinas – até os dentes, e ainda por cima agraciar este exército de bandidos da burguesia com um verdadeiro habeas corpus preventivo dando direito total de matar indiscriminadamente seus alvos preferenciais – negros, pobres, jovens – sem a mínima preocupação com a mais longínqua possibilidade de punição.
Para eles, o horror é ver o povo pobre com armas em punho, com o poder real de se defender daquela corja de assassinos fardados, que sobe os nossos morros todos os dias para matar quem aparecer na sua frente.
Esta esquerda sequer tem conhecimento do massacre que vive o povo brasileiro, do campo e da cidade, na unha da polícia e das milícias da burguesia. E se tem algum conhecimento, não liga a mínima.
Se ligasse, um pouco que fosse, estaria em campanha feroz contra o pacote assassino do fascista Sérgio Moro, notório agente imperialista, um traidor no comando do Ministério da Justiça, para quem basta que o policial alegue “forte emoção” e já estará tudo certo. Para Moro é assim: é policial? Pode matar.
Mas para esta ala do PT isto importa?
Não. O que importa é fazer demagogia com o sangue alheio – desde que seja o sangue proletário – dando uma de pacifista para a classe média, a fim de tentar, lá na frente, amarrar esta conversa mole com uma propaganda eleitoral murcha de “livros na mão”, no sonho de arco-íris de tentar eleger o “Prof. Haddad”, o porta-voz deste petismo direitista, conservador, reacionário, como um Presidente da República adaptado ao golpe que mandou Lula para a cadeia.
Ou seja, este falso PT é tudo o que a verdadeira militância petista abomina, mesmo sem se dar conta de quem é quem dentro do partido.
Neste cenário, é natural que esta ala de adaptados petistas não queira mesmo combater o pacote homicida do Moro, ao mesmo tempo que faça propaganda para que o povo mantenha-se totalmente desarmado, de modo a facilitar o trabalho da polícia fascista quando já tiver salvo conduto legal para matar.
E note-se: não é só contra o pacote do Moro que eles deixam de lutar. Eles não lutam essencialmente contra nada do governo Bolsonaro.
Esse PT verde-amarelado acha que “fritando” o Bolsonaro, ou seja, permitindo-se que ele aniquile o nosso país e o nosso povo por longos quatro anos, haverá então munição de propaganda suficiente para conseguir ganhar novamente a Presidência da República.
Não entra na conta desta ala direita do PT a quantidade de gente que terá de morrer nas mãos dos fascistas para que o “jogo democrático” que eles defendem possa mudar para um placar mais em sintonia com o seu oportunismo.
Não é de hoje que este Diário busca alertar à esquerda em geral, e aos companheiros militantes petistas em particular, que há uma enorme campanha para “endireitar” o PT, tornando-o mais um bastião defensor da política burguesa, de modo a garantir os cargos e salários daqueles que usam a estrela petista como trampolim, mesmo em um regime fascista como é este que lentamente está sendo implantado no Brasil desde o golpe.
O problema que esta jogatina eleitoral não percebe é que um PT capaz deste nível de traição ao nosso povo certamente não encontrará nada mais em 2022 do que uma enorme e justa desconfiança e repulsa por parte da população ao Partido dos Trabalhadores. Principalmente a mais pobre, setor que, inclusive, apoia o armamento e que votou em Bolsonaro achando que ele realmente defendia a ideia de povo com arma na mão, o que, certamente este vigarista que se diz nosso presidente não vai deixar acontecer.
É preciso que não só o PT, mas a esquerda em geral, deixem o oportunismo direitista de lado e passem definitivamente a lutar pelo nosso povo, pois se em tempos minimamente democráticos ninguém poderia impedir uma pessoa de defender-se a si mesma, em tempos de fascismo em implantação, esta deveria ser uma palavra de ordem alardeada por todas as direções, como imperativo urgente de defesa da população.