O enfrentamento à pandemia de Covid-19 no Brasil limitou-se ao bordão “fique em casa”. O conselho foi usado pela imprensa burguesa, por governadores e prefeitos ditos “científicos”, mas só enquanto este queria demarcar uma linha divisória entre eles e Bolsonaro. Passado algum tempo a burguesia passou a exigir o fim do isolamento social, afinal a mais valia vem sempre primeiro. Devemos salientar que em nenhum momento houve isolamento social de verdade no Brasil, a grande maioria da população jamais pode se afastar do trabalho. O fique em casa aconteceu apenas em alguns setores da classe média.
No momento em que vemos a classe média brasileira entediar-se com isolamento social e voltar a encher bares e restaurantes, nos chega a noticia de que um novo surto de infecção de coronavírus assola o mundo. A informação veio sob a forma de um relatório divulgado pela Reuters que mostra uma evolução da pandemia em todas as regiões do mundo.
O dado mais significativo dá conta que na última semana quase 40 países registaram recordes de infeção em um único dia, números que representam o dobro de contágio da semana anterior. A experiência demonstra que um aumento no número de infeção é seguido, nas semanas seguintes, ao aumento do número de mortes.
O crescimento do número de contágio ocorreu sobretudo em países que relaxaram as normas de isolamento social como: Estados Unidos, Brasil, Índia, Austrália, Japão, Hong Kong, Bolívia, Sudão, Etiópia, Bulgária, Bélgica, Uzbequistão e Israel, dentre outros.
A Reuters acredita que os números da pandemia são sub-notificados, o que aliás também é nossa opinião, expressa em diversas matérias sobre o assunto. A agência também informou que o número de países que reportam aumento de casos vem crescendo nas últimas semanas. Eram 7 há um mês, 13 há três semanas, 20 há duas semanas e finalmente 37 nesta semana.
Considerando que segundo a ONU a população mundial é de cerca de 7,79 bilhões de pessoas, e segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) o número de infectados por covid-19 chegou a 15.581.009 nesse sábado (24/07), temos que a pandemia atinge 0,2% da população mundial. Sabemos que as viroses comuns como a influenza, varem o mundo todos os anos e mesmo que não cheguem a caracterizar uma pandemia, atingem grandes porções da população de forma sazonal, isso demonstra o potencial destrutivo a que pode chegar o covid-19 nos próximos anos.
O que tem sido apontado como uma segunda onda de contágio pode ser tão somente uma acentuação no crescimento da curva de contágio, causado pela inoperância das autoridades e pelo relaxamento das medidas de isolamento. A burguesia já tem a dimensão de seu prejuízo e trabalha para revertê-lo, mesmo que isso custe milhões de vidas. A imprensa burguesa age em sintonia com os capitalistas e vem dando cada vez menos importância ao tema, colaborando com uma falsa sensação de segurança.
Fica evidenciado mais uma vez que a população mundial, majoritariamente composta de trabalhadores, não pode esperar que o combate à pandemia de covid-19 fique nas mãos dos governos burgueses, estes sempre irão colocar o capital em primeiro lugar. Cabe às organizações operárias, sindicatos, associações comunitárias e partidos de esquerda conscientizar o povo e travar nas ruas, o enfrentamento a estes governos que além de nos explorar economicamente, agora nos matam aos milhões.