As eleições de 2018, realizadas há poucas semanas, foram profundamente marcadas por uma grande farsa: o povo brasileiro foi impedido de votar em quem realmente gostaria, o ex presidente Lula. Na esteira desta manobra, a burguesia nacional e o imperialismo conseguiram ‘eleger’ Bolsonaro.
A vitória deste elemento, que deve ser classificado individualmente como fascista, tem provocado um impulsionamento da extrema direita em todos os lugares, que tem atacado ferozmente mulheres, negros, LGBT’s e outros setores sociais oprimidos. Destes, um dos setores mais esmagados são os povos indígenas. A fraude eleitoral que foi a vitória de Bolsonaro acendeu um sinal verde para madeireiros e latifundiários invadirem terras indígenas, que tomaram dianteira antes mesmo de uma mudança na legislação sobre terras indígenas.
De acordo com uma matéria publicada no sítio Combate Racismo Ambiental, somente no mês de outubro deste ano, na terra indígena Cachoeira Seca do Iriri (Pará), o desmatamento foi superior do que o registrado em todo o ano de 2018! Esta terra indígena recebeu o reconhecimento estatal em abril de 2016, em decreto assinado pela então presidente Dilma Rousseff, que viria a ser golpeada alguns meses depois.
Não podemos nem por um momento achar que há qualquer fenômeno ‘natural’ capaz de produzir todo este desmatamento. Esse aumento exponencial é resultado direto do avanço da extrema direita, que tem se sentido cada vez mais à vontade desde que foi anunciada a vitória de Bolsonaro nas eleições.
Os povos indígenas costumam ser ‘defendidos’ pela esquerda pequeno-burguesa em um terreno puramente ideológico, idílico, dos índios. Procura-se destacar as suas tradições, costumes, enfim, a cultura de algumas tribos indígenas. Em alguns casos as discussões são tão extravagantes que assumem um aspecto extremamente direitista, chegando ao ponto de tentar censurar fantasias de índio no carnaval.
Não devemos defender os índios apenas em palavras ou publicações de Facebook, fantasiando os filhos no dia do índio e coisas do gênero. Não se trata de nenhum debate ideológico, o direito à autodefesa é fundamental. Os povos indígenas devem se organizar, tanto nas áreas demarcadas quanto em outras localidades, em comitês de autodefesa contra os latifundiários, usando para isso os meios que forem necessários.