O dia 31 de março ficou marcado pela mobilização em todo o País e no exterior. Realizando 32 atos de rua, os Comitês de Luta, junto ao Partido da Causa Operária e organizações de esquerda, organizaram manifestações para se contrapor aos fascistas que buscaram comemorar o golpe militar de 1964.
Preparando a luta
A organização dos atos foi uma resposta ao chamado direcionado aos fascistas, feito pelo governo Bolsonaro. Nesta quarta-feira, Bolsonaro, Mourão e diversos representantes das forças armadas, declaram apoio ao golpe de 1964, e festejaram a ditadura, responsável por repreender e assassinar milhares de brasileiros.
Em contrapartida, os contra atos foram convocados pelos Comitês de Luta e pelo Partido da Causa Operária. Os dias que antecederam a manifestação, foram marcados assim por uma intensa mobilização de convocação, agitação política e propaganda em torno do ato.
Cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, militantes preparam novas faixas atacando a ditadura, os militares e o governo golpista. Os “esquentas” para os atos, em diversas capitais, foram marcados pela presença de diversos ativistas, confecções de cartazes, preparação das baterias, e intensa agitação em torno das manifestações
Expulsando os fascistas das ruas
Se por um lado a manifestação fascista minguava, por outro a manifestação antifascista crescia rapidamente. Em todo país, milhares de pessoas estiveram nas ruas, tendo grandes atos de destaque, como por exemplo São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre.
Na cidade de São Paulo, os manifestantes se reuniram em frente ao MASP, onde iniciou-se a marcha contra o ato fascista. Reunindo centenas de pessoas, dentre elas, militantes do PCO, dos Comitês de Luta, do Partido dos Trabalhadores e representantes de organizações de esquerda, a manifestação cresceu, e se tornou a maior desde o fim dos atos antifascistas, ainda em 2020.
Com a presença de diversos cartazes e faixas denunciando a ditadura de ontem e de hoje, os manifestantes tomaram as ruas marchando ao lado da bateria Zumbi dos Palmares, que ditava o ritmo da mobilização.
No Rio de Janeiro, o ato realizado pelo PCO e Comitês junto a organizações como Casa Nem, FIST, entre outras, também foi marcado pela presença de centenas de pessoas.
Em Porto Alegre, a manifestação convocada pelo PCO em conjunto com sindicatos e grupos anarquistas, foi responsável por afugentar os fascistas, os manifestantes assim, impuseram na prática a prova de que a rua é dos trabalhadores. Com inúmeros cartazes e palavras de ordem contra ditadura, os manifestantes que iniciaram a mobilização na Esquina Democrática, marcharam em direção aos fascistas. Protegendo a extrema-direita, estava a polícia militar, que serviu para impedir o confronto.
Já no exterior, cidades como Nova Iorque e Barcelona, contaram com a presença de militantes dos Comitês de Luta e ativistas da esquerda em frente ao consulado brasileiro.
Os atos, foram um verdadeiro sucesso, e devem ser vistos como um ponta pé inicial para mobilizações contra os golpistas, pelo Fora Bolsonaro e Lula presidente.
Por um governo dos trabalhadores!
Nesse mesmo sentido, Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, esteve presente na manifestação de São Paulo e chamou o povo a se mobilizar. Abaixo, segue o discurso na integra de Rui:
No dia de hoje, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e os comandantes das Forças Armadas comemoraram o Golpe Militar de 1964, oficialmente, diante da passividade total de todas as instituições políticas do país. O que é que eles estão comemorando? Eles comemorando 21 anos de terror político, assassinatos, torturas e prisões ilegais! E exilio! Esmagamento da cultura nacional! Esmagamento da classe operária brasileira. É isso que eles estão comemorando. E essa comemoração é uma ameaça a todos os trabalhadores e a todo o povo brasileiro. Eles estão ameaçando um novo Golpe Militar! Bolsonaro é um Fascista que já disse várias vezes que pretende impor ao país uma ditadura! Acontece que a oposição, a esquerda nacional, está depositando suas esperanças na ideia de que a burguesia vai conter o golpe e o fascismo.
Esse dia de hoje está provando que isso não vai acontecer! O STF que colocou na cadeia um deputado, que teria imunidade parlamentar, por ter defendido o AI-5 não se mexeu diante da comemoração ilegal do golpe militar de 64. Essa comemoração é ilegal! É uma defesa do Golpe, é uma ameaça aos direitos democráticos da população e o conjunto da burguesia, seus partidos políticos, a imprensa, o judiciário e o congresso nacional calaram-se completamente diante disso! O que é que os militares tem a oferecer ao país? Nós não precisamos voltar ao passado para entender o que eles estão preparando para nós por que, nesse momento, nós temos um governo que é um governo militar, um governo dominado pelos comandantes, pelos generais, pelos altos oficiais das Forças Armadas. E esse governo é responsável pelas mortes de mais 300.000 brasileiros na pandemia. Eles não fizeram absolutamente nada para conter essa pandemia.
Os jornais e a esquerda acusam Bolsonaro individualmente, mas a culpa não é individualmente do Bolsonaro. O governo é formado por mais de 3.000 militares e eles já, sem ter conseguido estabelecer uma ditadura militar, sem fechar o congresso, sem fechar a imprensa, eles estão promovendo um massacre da população brasileira. Companheiros! O que aconteceu hoje em Brasília com a comemoração oficial do Golpe de 1964 é um aviso para toda a esquerda nacional e as organizações dos trabalhadores. Nós temos que entender que, se nós não nos organizarmos, se nós não sairmos à rua, se nós não quisermos ouvir a voz da maioria do povo brasileiro, nós vamos sofrer uma grande derrota histórica!
Não adianta, companheiros, ficar esperando pelas eleições de 2022! As eleições vão se dar num quadro dominado por esses militares, por esses golpistas e por todos aqueles que deram o golpe de 2016. Não adianta ficar esperando pela salvação nas mãos dos partidos da burguesia, porque esses sãos os que deram o golpe em 2016. É preciso, companheiros, sair às ruas! Muitos da esquerda dizem que nós não podemos sair às ruas por causa da pandemia. Isso é um pretexto, companheiros! Nós estamos aqui! Fizemos atos em 33 cidades do país! Nós estamos mostrando na prática que é possível sair às ruas, que é possível fazer o movimento e que a política não pode ser colocada pra dormir no momento em que a crise social e política do país é a mais grave dos últimos anos. Nós temos que sair às ruas! Nós aproveitamos este ato para fazer um chamado à toda esquerda nacional, aos sindicatos, às organizações populares para que saiamos às ruas contra o fascismo! Contra qualquer tentativa golpista! Contra a matança de centenas de milhares de brasileiros! Nós podemos ter 500.000, podemos ter 1.000.000 de mortos enquanto dizem que a solução é ficar em casa. É preciso sair às ruas! Nós fazemos esse chamado, companheiros! Os Comitês de Luta contra o Golpe saíram às ruas hoje!
O PCO saiu às ruas hoje! Segmentos de alguns partidos de esquerda saíram às ruas hoje! Nós estamos cumprindo nosso dever com o povo brasileiro! É preciso chamar todas as organizações, mobilizar todas as organizações, para deter a matança! Para frear o golpismo! Para se opor ao Fascismo! E lutar pelas reivindicações do povo e por um governo, companheiros, dos trabalhadores!
