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Situação de abandono

Em Porto Seguro, idosa com sintomas é ignorada pelo sistema de saúde

Entrevistamos aqui uma companheira moradora do bairro do Baianão, em Porto Seguro/BA, que está com coronavírus e não conseguiu realizar testes e muito menos tratamento

O agravamento da crise econômica e sanitária provocada pela pandemia de coronavírus está tomando grandes proporções e revelando o caos que é o sistema de saúde em decorrência da política de destruição do SUS e dos cortes no orçamento e revelando a política genocida da direita para a maior parte da população e a covardia de setores da esquerda.

Tomamos como exemplo a cidade de Porto Seguro, no Extremo Sul da Bahia, onde o PCO possui militantes e uma intervenção nos bairros populares. Na cidade, a população está abandonada pela completa falta de estrutura do sistema de saúde e de materiais para proteção e diagnóstico do vírus, como testes, álcool gel e máscaras.

A reportagem do Diário Causa Operária foi até o bairro do Baianão, na periferia da cidade, onde o descaso do setor público é enorme e não há as mínimas condições de ficar em quarentena. Realizamos uma entrevista com uma moradora de 73 anos que, por motivos de segurança, preferiu manter o anonimato; por isso, utilizaremos a sigla de seu nome. Ela está com todos os sintomas de coronavírus mas as autoridades sanitárias lhe negaram o teste.

DCO: Quais foram os sintomas  que a senhora começou a sentir?

T.R.S: Eu comecei a sentir os sintomas quando estava ainda em São Paulo, no último dia de viagem. Eu estive por lá por duas semanas e andei de metrô, ônibus, cheios como sempre em São Paulo. Estava ainda no princípio, mas já estava rolando o vírus. Quando eu estava lá já havia 4 casos confirmados e vários suspeitos, mas ainda não estavam mandando ficar em casa; estavam todos andando normal e eu nesse movimento. No último dia, durante a noite, comecei a me sentir mal, a garganta doendo, uma tosse seca mas não tinha nenhum catarro, espirros, mal-estar. Não tive febre, mas minha pressão chegou a subir, acho que por causa do nervoso que estava sentindo. Tive enjoos e diarreia, não conseguia comer, falta de apetite, não conseguia comer nada.

DCO: A senhora procurou ajuda médica?

T.R.S: Fui no UPA, e em princípio eles me isolaram, também acreditando ser o covid19. Assim que eu passei com a médica e relatei ter tido contato com um pessoa que tinha estado fora do país, que veio do exterior, mas que já tinha mais de 1 mês, aí ela falou que não, não era isso, que  eu não tinha nada. Depois, eu viajei novamente, fui para Belo Horizonte – MG, o ônibus com ar condicionado, por lá não andei muito, mas tive contato com outras pessoas. Na volta para Bahia, de novo, ônibus com ar condicionado; tinha uma pessoa espirrando sem nenhuma cobertura, sem se proteger e sem proteger ninguém, quase ao meu lado, ela na poltrona 1 e eu na 3.

Cheguei à Bahia ainda com os mesmos sintomas. No outro dia, eu fui até a UPA daqui do bairro e aí eles me isolaram e fizeram um exame de raio x do pulmão e falaram que estava tudo bem, que o pulmão estava limpo, mas que mesmo assim eu tinha que ficar isolada em casa num quarto, sem sair do quarto. Eu deveria  receber a comida na porta, fechar a porta e ficar fechada lá. Estavam suspeitando que eu estivesse contaminada com o covid19.

DCO: Em algum momento disseram que iam fazer o teste para a covid19?

T.R.S: Me disseram que lá não tinha os testes pra fazer, que as pessoas que faziam os testes não estavam lá, mas que a Vigilância Sanitária ia entrar em contato comigo para fazer o exame. Isso foi no dia 17 de março.

DCO: E como a senhora está fazendo o isolamento?

T.R.S: Eu estou esse tempo todo em isolamento em casa. Foi marcado uma consulta no posto médico no dia 8 de abril, porém foi o meu marido quem foi. Foi uma consulta intermediada, eu não cheguei a ir até o posto de saúde. Ele relatou para o médico que eu ainda estava com tosse e o médico recomendou que eu continuasse em isolamento e, desde então, não entraram mais em contato. Os agentes de saúde estiveram aqui antes da consulta, mas disseram que eu não podia tomar a vacina de gripe, por causa dos sintomas. Recebi duas chamadas do número 136, mas quando atendo não falam nada e desligam.

Aí fico em casa, dentro do quarto, com máscara. Meu marido dorme na sala, as coisas todas separadas, vasilhas… nessa insegurança, nessa incerteza. Com isso, o emocional da gente fica muito abalado também. Mexe muito com o emocional da gente.

DCO: A senhora ainda tem algum sintoma?

T.R.S: Sim. Ainda estou com a garganta incomodando bastante. Às vezes, tenho acesso de tosse, ofegante, qualquer esforço que faço fico muito cansada. Às vezes só de arrumar a cama já fico bastante ofegante, aquele cansaço que dá. Não tive febre, o que acho que é um bom sinal, pelo menos.

DCO: O que espera que seja feito?

T.R.S: Gostaria que fosse feito o teste, pra tirar a gente dessa situação, dessa insegurança. Queria que fosse feito logo o teste, acho que deve ser rápido. Condições pra pagar a gente não tem, eu nem sei o preço de um teste, mas é fora do orçamento da gente de qualquer jeito. Gostaria que entrassem em contato comigo como foi prometido. Mesmo que eu continuasse em quarentena em casa, mas pelo menos poderia respirar fundo, mais aliviada, sabendo se é ou não é.

Espero que o teste chegue não só pra mim, mas pra toda população. Tem muita gente em casa, nessa mesma situação que a minha, sem um resultado final, só com a suspeita.

É preciso ir às ruas e organizar a população!

A entrevista é mais uma confirmação da total falta de apoio para a população pobre. Não há testes, pois os testes só ricos e pessoas influentes conseguem realizar. Não há nenhum apoio para as pessoas com suspeita de estarem contaminadas; não há remédios, falta de máscaras e álcool gel.

Ainda sofrem com a tentativa da direita e setores da esquerda pequeno-burguesa de jogar a culpa na população pobre, dizendo que são irresponsáveis e “amigos da morte” por estarem trabalhando e nas ruas, quando todos sabem que a fome e os patrões obrigam os funcionários a trabalharem. Para muitos, não é possível ficar em quarentena, em residências pequenas, com muitas pessoas e sem dinheiro sobrando para ficar sem trabalhar.

A direita e os patrões de Porto Seguro, e de todo o Brasil, se organizam para que os governos acabem com as restrições de quarentena, jogando os trabalhadores nas ruas para sofrerem as consequências do coronavírus para garantir os lucros dos patrões enquanto parte da esquerda fica em casa pensando nas eleições.

É preciso organizar a população com a formação de Conselhos Populares em cada bairro para identificar a situação e necessidades das famílias desses bairros e exigir, da maneira que for necessária, do poder público a resolução desses problemas. Podemos citar como exemplo a distribuição de cestas básicas, de máscaras e álcool gel de graça, testes para a população, disponibilização de escolas e hotéis para pessoas em grupo de risco ficarem em isolamento e tratamento médico adequado para a população pobre e não somente para os ricos.

Para mais informações entre em contato (73) 9 9171-9075 ou pelas redes sociais do PCO-BA: https://www.facebook.com/pcoba29/

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