A crise do coronavírus tem exposto não apenas a falência dos sistemas médicos e hospitalares causada pela ineficiência das economias capitalistas ao redor do mundo. Particularmente, aqui no Brasil estamos vivendo a dura realidade da ruína de todo o sistema sanitário que, a partir do golpe de Estado, vêm sofrendo um ataque sem precedentes, provocado pela completa falta de implementação de políticas públicas capazes de atender às necessidades básicas da saúde da população.
Numa situação como a que estamos vivendo, o mínimo que o povo teria direito para se proteger do contágio seria, justamente, o acesso à agua. Lavar as mãos é a primeiríssima medida de higiene, a mais barata e, talvez, das mais eficazes, para se evitar o contágio e a proliferação do vírus. Obviamente que, no estágio em que se encontra a pandemia, seria necessário que muitas outras medidas fossem tomadas. Mas, falta de água é algo absolutamente inaceitável. Não garantir o acesso da população à higiene básica, nesse momento, é um crime que as autoridades estão cometendo contra a população que deveriam proteger.
Em Curitiba, a prefeitura vem implementando, desde março, já em plena crise do coronavírus, um rodízio de racionamento de água, o mesmo acontecendo em São José dos Pinhais, na região metropolitana da capital. De acordo com o cronograma divulgado, cada um dos bairros fica sem água por um período de 24 horas, que se inicia às 8 horas da manhã de um dia e termina no mesmo horário do dia seguinte. A justificativa para o racionamento é a longa estiagem que ocorre na região e que deixou o Rio Miringuava, que abastece as duas cidades, com baixíssima vazão.
A verdade, no entanto, é que o prefeito de Curitiba, o direitista Rafael Greca, do DEM, e o governador bolsonarista do estado do Paraná, Ratinho Júnior, do PSD, não se preocupam nenhum um pouco com a população dos municípios. Não conseguem evitar situações como essa, através de planos e estratégias para as contingências. Todo o ônus, como sempre, recai sobre o povo que sofrerá o racionamento mesmo pagando pela água. Seria imprescindível que as autoridades do município tomassem todas as providências possíveis para se manter o acesso à água em toda a cidade, seja através de caminhões pipa ou outras formas quaisquer.
Se em situações normais a falta de água já traz enormes transtornos para as famílias. O que dizer agora, com o risco de se contrair a covid-19, quando não se ter água para a própria higiene pode se transformar num problema de vida ou morte, literalmente.
Não bastasse isso, Rafael Garcia anunciou nesta semana que a partir de hoje, sexta-feira (17) Curitiba passa a reabrir o comércio e a relaxar o distanciamento social. Segundo a página do UOL, na quarta-feira (15), Curitiba já contabilizava oficialmente oito mortes por covid-19 e 358 casos confirmados de contágio.
Num momento crítico como esse, com um prefeito que não toma providências para que se mantenha o abastecimento de água para a população. Fica claro que se dobra aos interesses da burguesia e dos comerciantes bolsonaristas, para quebrar a quarentena, podemos esperar que a situação do sistema médico-hospitalar de Curitiba venha rapidamente a entrar em colapso, assim como vem ocorrendo com inúmeros municípios do país.