Em perguntas e respostas, o fim da participação cubana no Mais Médicos, que agora é Menos Médicos

Por Leidys María Labrador Herrera, no Granma Decorrem já os primeiros dias de dezembro, sem dúvida marcados pelo retorno dos colaboradores cubanos que faziam parte do programa Mais Médicos no Brasil. Seus testemunhos, o abraço de seu povo e sua família, o reconhecimento do dever cumprido e a eterna gratidão de milhões de seres humanos são agora tesouros inestimáveis ​​para nossos médicos.

A fim de responder algumas das perguntas mais comuns, geradas a partir da retirada de pessoal médico cubano do país sul-americano, e refutar qualquer tentativa de obscurecer e confundir a posição cubana em meio a esta conjuntura, foi criado o Canal do Porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Granma Internacional aborda os elementos essenciais compartilhados nesse espaço e que justificam uma decisão necessária, mas muito dolorosa, devido ao alto conteúdo humano do trabalho de nossos médicos no Brasil.

Que circunstâncias levaram o Ministério da Saúde Pública de Cuba propor a retirada dos profissionais que faziam parte do programa Mais Médicos?

– As declarações diretas, depreciativas e ameaçadoras do presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, sobre a presença de nossos médicos naquele país, garantindo que modificaria os termos e condições do Programa Mais Médicos. Estas afirmações questionam o nível profissional de nossos médicos e condicionam a permanência no programa à revalidação do título e a contratação individual. Nenhum membro da equipe de transição transferiu para o Ministério da Saúde Pública o interesse de trocar acerca dos termos de cooperação atual, o que indica que o objetivo do presidente eleito não é manter o programa.

Em relação à presença de médicos cubanos no Brasil, o presidente eleito manifesta contradições em seu discurso que revelam o verdadeiro objetivo de sua posição, quais seriam essas contradições?

-Por um lado, exige dos médicos um exame para demonstrar sua competência e habilidades para trabalhar no Brasil e, ao mesmo tempo, sem exigir esse exame nem evidências de algum tipo, anuncia que irá conceder asilo político automático a todos os médicos cubanos. Cuba não pode confiar que seus médicos estejam seguros naquele ambiente de incerteza, com um governo de profissionalismo duvidoso. Para continuar trabalhando, Bolsonaro exige deles um exame e, para o show político, dá-lhes um cheque em branco, independentemente de ser ou não pessoal qualificado. É evidente que ajustou seu discurso em favor de sua conveniência política e não dos interesses do povo brasileiro.

Há quem afirme que a colaboração cubana se baseia na afinidade política com um partido e que foi Cuba quem propôs a criação do programa. Qual é a verdade?

– A atual administração, como assegurou o seu ministro da Saúde, descreveu o programa que trouxe tantos benefícios para o Brasil, como um projeto de proselitismo político associado a um partido, que negamos veementemente. Nunca um médico cubano perguntou de qual partido era um brasileiro quando ia ao seu consultório, nem se importou de que partido político era a autoridade de Saúde que o administrava.

– «O programa é uma criação do governo de Dilma Rousseff, preocupado com a satisfação das necessidades de cuidados básicos de saúde de milhões de brasileiros. O que defendeu Cuba nas negociações foi ir para os lugares onde não havia um sistema de atendimento ou jamais tinha sido visto médico algum. A contratação foi iniciada por meio de uma chamada aberta e ampliada a qualquer profissional de qualquer país; nesse processo, o Brasil solicitou a cooperação de Cuba».
Os profissionais cubanos da Saúde completaram mais de 600 mil missões em 164 nações. Quais são os princípios que Cuba defende em relação a este trabalho internacionalista?

– A colaboração internacional de Cuba é feita através da soma dos potenciais entre os países envolvidos, sem fins lucrativos, levando em conta as diferenças e assimetrias existentes. Esta presença responde aos pedidos específicos dos países beneficiários e é sempre feita no âmbito de um acordo de cooperação estabelecido entre as instituições, de acordo com a vocação que defendeu Cuba nos últimos 60 anos.

«A cooperação internacional oferecida pela Ilha baseia-se nos princípios de solidariedade e benefício mútuo, é um elemento essencial na política externa da Revolução e suas ações contribuem para o desenvolvimento económico e social do nosso país. É feita sem condições políticas e com pleno respeito aos princípios do direito internacional, ou seja, com pleno respeito à soberania, leis, cultura, religião e autodeterminação dos Estados».

«Este trabalho de ajuda e solidariedade com outros povos do mundo contribui para a melhoria do Sistema Nacional de Saúde, permite fortalecê-lo, é adquirida mais experiência, consciência, dedicação e empenho dos profissionais com eles mesmos, sua família e com o povo. A colaboração médica é um elemento cardinal no reconhecimento e respeito que ganhou o nosso país internacionalmente. Traz consigo a essência humanista da Revolução».Uma das questões usadas para distorcer a essência da colaboração médica cubana reside precisamente no pagamento aos internacionalistas e nas garantias que eles e suas famílias desfrutam. Qual é a realidade em relação a este particular?

Todos os profissionais recebem seu salário em Cuba e é garantida a previdência social para suas famílias, enquanto estão em uma missão e nos países onde estão recebem um estipêndio.

Logicamente, essas colaborações geram um certo nível de renda para o país, que é usado para sustentar nosso Sistema de Saúde que é gratuito e atinge todas as partes da geografia cubana. A isso se deve acrescentar que, sendo um país bloqueado, é cada vez mais difícil conseguir suprimentos, equipamentos médicos, remédios de última geração, mas nosso povo nunca teve que oferecer um centavo para frequentar qualquer uma das instituições de saúde.

«Não apenas aqueles que retornam à Pátria têm garantido o trânsito seguro e a ordem essencial para completá-la de volta à sua terra, também têm garantias de continuar exercendo sua profissão».

«Nossos médicos nunca sobram, nem para Cuba nem para o resto do mundo, e se hoje podemos mostrar os indicadores de saúde que valorizamos, é em grande parte graças a essa convicção. Todos os médicos que retornam têm sua localização, seu trabalho garantido. Propostas também serão feitas para que realizem segundas especialidades médicas, sem esquecer que o Médico Geral Integral resolve 80% dos problemas de saúde da sua comunidade e os outros 20% correspondem aos hospitais. O estudo de outras línguas também será incentivado, porque a colaboração deve continuar em diferentes países do mundo».Quem não conhece a essência do nosso trabalho social pode pensar que Cuba responda a Bolsonaro com a mesma moeda, mas, existe a menor possibilidade disso?

Não há mudança alguma. Tal como nos anos anteriores, os jovens brasileiros poderão continuar vindo ao nosso país para estudar Medicina. Esta é uma relação entre os dois povos que não será distanciada. Nesse sentido, tudo continuará com normalidade.

Estas são as nossas verdades, que expomos ao mundo com transparência, porque somos endossados por toda uma história de humanismo, boa vontade e internacionalismo proletário. Diante desses argumentos profundos, as mentiras não podem fazer coisa alguma sem respaldo.

Fonte: Canal do Porta-voz do Minrex https // www.youtube.com / usuário / Cubaminrex.

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