A disputa pelas vagas de conselheiros tutelares no Brasil mostrou como está acentuada a polarização no País e a necessidade de deixar claro de qual lado cada um está, da burguesia e dos conservadores ou dos trabalhadores. A votação ocorreu neste último domingo (6) e irá escolheres os próximos conselheiros que assumirão os cargos em 2020, a fim de zelar pelos direitos da criança e do adolescente. Para os grupos conservadores, religiosos e alguns movimentos sociais, o Conselho Tutelar é de extrema importância, uma vez que tem influência na vida dos jovens.
Por mais que o Conselho Tutelar seja um órgão profundamente problemático e despreparado, sua votação mobilizou o País em campanhas. Em Belo Horizonte, por exemplo, os pontos de votação tiveram uma grande movimentação e público votando, com clima político, algumas filas duraram mais de uma hora. Os conservadores, claro, pretendiam utilizar a nova eleição do Conselho para avançar nas pautas do “Escola sem Partido” e “Ideologia de Gênero”.
Em algumas escolas as pessoas pessoas foram votar vestindo camisetas de grupos e chapas religiosas, noutras, camisetas à esquerda e teve até “Lula Livre”. O Conselho Tutelar é um órgão autônomo e seus representantes são eleitos pela sociedade, sendo eles responsáveis em garantir uma resposta às situações de risco e denúncias em relação à criança e ao adolescente, como prevê o ECA. Esses conselheiros atuam em escolas, organizações sociais e serviços públicos, daí a mobilização dos grupos religiosos e conservadores em conquistar mais esse espaço.
O Brasil está passando por um intenso momento de polarização, onde os golpistas não estão poupando esforços para ocupar todos os espaços e limitar o acesso, da juventude principalmente, a tudo que eles considerem “imoral”. A partir do momento que um conservador golpista toma conta de um órgão desses, os critérios do que seriam essas denúncias e ataques às crianças pode se tornar uma arma forte contra a esquerda e qualquer tipo de educação séria e progressista.
Ninguém irá garantir que esses cargos não seriam utilizados como armas, qualquer denúncia sobre “ideologia de gênero” ou “doutrinação marxista esquerdista” poderia ser motivo para acionar a polícia, por exemplo. A base direitista dentro de igrejas evangélicas se mobilizaram em torno dessas eleições. É mais um sinal do avanço da extrema-direita, que precisa ser enfrentada. Caso contrário tomarão conta de todas as esferas da vida dos cidadãos, até sufocar a população. É preciso combater a extrema-direita com mobilização nas ruas e grupos de autodefesa, e assim obrigá-los a recuar.