Com mais de 3 milhões de doentes pela pandemia no País e um contingente superior a 100 mil mortos (e isto segundo estatísticas de credibilidade questionável), o governo golpista de Jair Bolsonaro volta sua atenção à manutenção do teto dos gastos públicos. Segundo informações divulgadas pelo jornal burguês Estado de S. Paulo (“Ministério da Economia cria força-tarefa para defender o teto de gastos”, 11/8/2020), o governo planeja enviar a equipe econômica chefiada por Paulo Guedes ao Congresso para divulgar dados referentes ao crescimento da dívida pública, cuja previsão para o ano é de chegar a 98,2% do PIB.
Uma consideração importante sobre isto é que o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), já declarou que nenhuma medida que ameace o teto dos gastos se desenvolverá na Congresso, o que torna a exposição da equipe inócua sob qualquer aspecto que não seja uma campanha de terror contra a população.
Esta campanha, como todas promovidas pela direita para desferir golpes contra os trabalhadores e o amplo conjunto da população, precisa ser analisada à luz da declaração de Bolsonaro no último dia 4, que a respeito do auxílio emergencial disse que “não dá para continuar muito porque por mês custa R$ 50 bilhões”, portanto, R$600 bilhões em um ano, menos da metade do que o golpista prontamente deu à burguesia no mês de março.
Ora, se a preocupação do governo fosse com o uso racional dos recursos públicos, sua atenção seria voltada ao montante superior a R$1,2 trilhão destinado a um número reduzido de capitalistas, os principais beneficiados pela expansão do endividamento público, e que seguem praticamente donos do orçamento público do governo.
Além disto, um dos argumentos mais utilizados pela direita durante a agitação criada para derrubar a presidenta Dilma Rousseff é que sob sua condução, o Brasil caminhava para uma situação econômica próxima ao fim do mundo, com a proporção “dívida x PIB” se aproximando de 66%.
A proporção verificada nas semanas anteriores ao golpe de 2016 foram superadas com grande margem, o que ajuda a esclarecer o fato de que a questão da dívida pública é fundamentalmente uma campanha política da direita para justificar ataques contra a população.
Como a política econômica segue a ordem de intensificar a rapina dos grandes capitalistas, a campanha pela defesa do teto de gastos, que finalmente, antecipa mais uma onda de cortes orçamentários contra direitos da população (como da educação que já tem previsão de cortes superiores a R$4 bilhões para o ano que vem), reforça o caráter de classe do governo, assim como a situação política do país, marcada por uma ditadura da burguesia cada vez menos preocupada em disfarçar sua natureza.