Uma das áreas mais sensíveis e importantes do executivo federal, ostentando um dos maiores orçamentos entre todas as pastas do governo, está completamente sucateada e abandonada pelos golpistas que usurparam o poder em 2016, permitindo depois a eleição do presidente fraudulento Jair Bolsonaro, responsável atual pelo maior ataque e desmonte que a saúde pública brasileira já sofreu nas ultimas décadas.
Quando assumiu, Bolsonaro indicou para o cargo de ministro da Saúde o golpista e reacionário Luiz Henrique Mandetta, ex-deputado do DEM-MT, direitista ligado aos hospitais particulares, à medicina privada e aos planos privados de saúde, que sempre formaram um dos mais poderosos lobbies dentro do Estado, com forte influência nas bancadas parlamentares.
Com a saída de Mandetta, depois de atritos com o presidente fraudulento, Bolsonaro empossou no cargo o empresário Nelson Teich, médico oncologista proprietário de clínica privada no Rio de Janeiro; portanto, uma figura não só desconhecida, como também completamente alheia e estranha à saúde pública nacional e ao Sistema Único de Saúde (SUS). Servil e obediente ao chefe mafioso, Teich vem dizendo amém a todas as indicações para os cargos de primeiro e segundo escalão da pasta que agora “comanda”, onde, noas principais secretarias e departamentos já estão instalados militares de diversas patentes.
As substituições de servidores técnicos por militares vem causando perplexidade e críticas nos corredores do edifício sede do MS, localizado na esplanada dos ministérios, em Brasília. Em entrevista concedia a um veículo de imprensa, Francisco Bernd, exonerado por Teich, “afirmou nunca ter presenciado “uma mudança tão drástica”, com a chegada de pessoas tão “estranhas à saúde”. Bernd era funcionário do órgão desde 1985″ (Portal Yahoo, 08/05).
Francisco Bernd, que antes da exoneração exercia suas funções junto à Secretaria-Executiva do órgão, disse ainda que “os militares que chegam não têm absolutamente nenhuma experiência histórica na Saúde. O próprio Teich não tem experiência em gestão pública” (idem, 08/05). Reagindo a uma declaração do ministro sobre os militares realizarem “uma coisa organizada”, Bernd declarou, indagando: “a crise então é por culpa de desorganização do ministério?”
Os fatos que marcaram os episódios recentes na pasta da saúde são sintomáticos e ao mesmo tempo reveladores do descaso das autoridades sanitárias do país com a pandemia do coronavírus, onde o Brasil já é apontado como o novo epicentro da crise epidêmica mundial. Os casos de infecção se sucedem dia após dia, com o número de infectados e mortos aumentando vertiginosamente em todas as regiões e estados do país. Há que se considerar também a enorme subnotificação dos registros, pois não há diagnóstico preciso em relação às mortes que ocorrem. Isto porque não são realizados testes e exames nos pacientes que evoluem para óbito, fazendo com que todas as projeções apontem para um número que, na melhor das hipóteses, seria superior a dez vezes o divulgado oficialmente pelo Ministério da Saúde.
Este é, portanto, o quadro trágico e catastrófico da saúde pública brasileira sob a égide dos golpistas neoliberais reacionários. O Brasil está próximo de atingir as dez mil mortes pela Covid-19, a doença causada pelo coronavírus. Quanto ao número de infectados, já são mais de 140 mil casos, sem levar em consideração a volumosa sobnotificação. Enquanto os militares ocupam cada vez mais os postos de comando na máquina pública, a população pobre e explorada do país se amontoa nas filas dos hospitais púbicos, já completamente saturados e com a rede em em colapso, sem leitos de enfermaria e UTI’s para o atendimento aos doentes. Diante desta situação de horror e tragédia humanitária, a única preocupação de Bolsonaro e seus ministros é com o “funcionamento da economia”, com a volta da população pobre e explorada ao trabalho, enquanto os patrões, o empresariado golpista e a burguesia permanecem confinados em suas confortáveis residências, protegidos do vírus e alheios ao sofrimento do trabalhador e sua família.