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Um verdadeiro massacre

Em meio à pandemia, milhares de cortadores de cana vão ficar expostos

Nesse mês começará a safra de cana-de-açúcar. E o que os trabalhadores vão ter para se defender do Coronavírus? Camisas ao rosto, facões e suas "boias frias".

“Tudo planta de cana, para uma só boca de usina”, escrevera João Cabral de Melo Neto (1920-2020), há cem anos, sobre os canavieiros, também chamados de “boias-frias”.

O Brasil conta com 430 usinas e destilarias, onde trabalham em média 1,5 milhão de brasileiros, colocando o país no posto de maior produtor de açúcar do planeta e de responsável por 45% da produção mundial de etanol. Levando em consideração a média dos últimos anos, a produção ultrapassa 30 milhões de toneladas de sacarose e 27,5 bilhões de litros de álcool etílico produzidos por ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Toda essa produção é resultado do trabalho, ora semi-assalariado ora literalmente escravagista, de mais de 300 mil pessoas que passam anualmente pelo setor canavieiro. Esses trabalhadores, via-de-regra, saem de suas cidades em transportes extremamente precários, com uma alimentação igualmente horrível (o que é auto-explicativo pelo apelido do trabalho), para chegar ao seu “local de trabalho”: imensos campos de cana-de-açúcar em cinzas, que reduz os cortes profundos na pele do trabalhador, devido ao teor cortante da folha da cana, mas não os efeitos nocivos a respiração. Ao se deslocarem de suas cidades, muitos ficam em alojamentos e casas caindo aos pedaços, dos chamados “gatos” que aliciam esses trabalhadores.

Os que não voltam para suas cidades, trabalham por água e comida, isto é, viram escravos.

Um dos grande motivos pelo atrasado da burguesia da cana, deve-se em conta da própria História do Brasil. Esse setor, como foi o primeiro a se instalar como burguesia nacional, tem uma ligação intima com o passado escravagista do país, sendo o setor mais reacionário. Deve-se lembrar que essa parcela da burguesia foi uma das principais a lutar até o fim contra a abolição, mesmo em seu período mais decadente e de maior convulsão revolucionária, onde o Estado já não era capaz de sustentar esse atraso histórico, provocando rebeliões na população em todo país e um racha nas forças armadas entre a cúpula e a base, de maioria negra.

Hoje esse setor ainda é o mesmo, com o passar das suas heranças oligárquicas, com suas terras ainda maiores onde ainda se é plantado cana. Não defendem abertamente a escravidão mais, mas o faz. O que demonstra claramente o pensamento ainda reacionário e atrasado dessa burguesia latifundiária, com suas redes de verdadeiras milicias fascistas do campo, os chamados jagunços, que matam e coagem sistematicamente os trabalhos, além de lideranças e militantes dos movimentos sociais de direito a terra, quando não os rapta para serem literalmente escravos.

Nesse mês os trabalhadores irão sair de suas cidades para a safra de cana-de-açúcar e ficarão todos expostos, além das cinzas que causam hipertensão pulmonar, pneumonia e bronquite, também ao Covid-19, o Coronavírus. O que eles tem para se prevenir? Seu facão, suas camisas extras para suportar a cinza e sua “boia fria”. O que podemos prever disso é uma verdadeiro massacre, com possíveis rebeliões.

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