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Crise histórica do capitalismo

Em meio à crise, Boeing desiste de comprar Embraer

Empresa imperialista é obrigada a desistir de um negócio da China. Crise acaba compensando inércia da direção sindical

O imperialismo bem que tentou se apoderar da fabricante de aviões brasileira Embraer mas a crise aberta pela emergência do coronavírus obrigou a Boeing a mudar os planos. O cancelamento de um dos mais escandalosos roubos do patrimônio nacional foi anunciado pela empresa americana na última sexta-feira, 24 de abril.

Uma das empresas mais afetadas pela crise, entre as grandes dos Estados Unidos com papéis negociados na bolsa de Nova Iorque, a Boeing vem registrando a mais severa perda na bolsa, com fechamento do último pregão em -6,35% e acumulado do ano em -66,29%, tendo ainda perdido mais de US$100 bilhões em valor de mercado desde o começo da crise. A companhia ainda anunciou a demissão de 10% dos funcionários do setor de aviação civil, mesmo tendo recebido sua parte no novo maior pacote de resgate da história do capitalismo, segundo o The Washington Post, mais de US$17 bilhões.

Já do lado da brasileira, a situação não é das melhores. Suas ações são a terceira que mais se desvalorizaram na B3, a bolsa de valores de São Paulo, com o último pregão fechado em -11.43% e o acumulado do ano em -58.05%. Entre demissões, cortes de salários dos seus trabalhadores e suspensões do contrato de trabalho, a fabricante brasileira contava com o valor US$4,2 bilhões da operação cancelada para dar US$1,6 bilhão (mais de 38%) aos seus acionistas mas foi acusada pela empresa imperialista de não cumprir sua parte no acordo, em nota divulgada pela Boeing que responsabiliza a Embraer pelo cancelamento da compra, sem especificar o que exatamente não foi cumprido.

A primeira coisa a ser destacada, naturalmente, é que a entrega da empresa ao imperialismo foi um crime cometido durante o governo golpista de Michel Temer. Felizmente para os trabalhadores, a crise tornou a operação politicamente insustentável para a Boeing, que enfrentou muitos questionamentos nos Estados Unidos sobre o fato de ser agraciada com o pacote de resgate dado pelo governo americano e gastar na aquisição da empresa brasileira quase 25% do montante, que no discurso, seria destinado a proteger os empregos dos trabalhadores americanos. Nesse sentido, a crise faz o que as direções do Sindicato do Metalúrgicos de São José dos Campos (filiados a CSP-Conlutas) não tiveram capacidade de fazer: impedir o roubo deste patrimônio nacional.

O segundo destaque é justamente a direção sindical. Em nota divulgada no sítio do Sindimetal de São José dos Campos e região, os sindicalistas defendem a reestatização da Embraer, o que obviamente é um fato positivo. Porém, ao desenvolver o plano de reestatização, numa patética demonstração de que não aprendeu nada com a sequência de decisões desastradas, as direções pedem “que o governo brasileiro cumpra o seu papel em favor da nossa soberania e reestatize a Embraer”. E isto, um parágrafo depois de reconhecer que “Bolsonaro agiu de forma criminosa ao aprovar a entrega da Embraer para a Boeing.”

Duas lições ficam muito claras com o episódio. A crise capitalista atingiu um ponto de desagregação do sistema produtivo tamanho que uma empresa imperialista do porte da Boeing prefere levar uma parte dos recursos públicos do governo americano a ganhar um negócio extremamente rentável, onde levaria por US$4,2 bilhões uma empresa que um ano antes da crise provocada pelo processo de fusão, tinha uma receita líquida de 6,1 bilhões de dólares, o que é muito ilustrativo do momento histórico. A outra diz respeito à luta política dos trabalhadores, os únicos capazes de dar uma solução política e economicamente viável à crise mas que precisam se mobilizar, inclusive, contra o peleguismo da burocracia sindical.

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