O ano começou com diversos ataques da direita, mas também com diversas crises dentro do governo recém eleito. Por ser um governo de improviso, onde o baixo clero da política, que tem o apoio da pequena burguesia fascista e dos setores mais retrógrados da burguesia nacional, tem que seguir o programa do alto clero, este ligado ao grande capital internacional, assim tendo uma multidão de contradições entre esses diversos setores que compõem o governo. Essas contradições por si só não são a garantia de que o governo cairá e a que disso surgirá a vontade popular. Bolsonaro pode até sofre um ato golpe como bem sugeriu seu vice na temporada pré campanha eleitoral, mas o governo que emergirá disso terá características ainda mais fascistas, sua ofensiva será mais implacável, e ainda mais consonante com o imperialismo por ser um governo totalmente dos militares. Embora estes já controlem o Estado, suas participações são restritas em alguns setores, justamente por haver essas contradições de interesses, e também para poder manter uma certa aparência, evitando uma eventual crise política.
O destino do governo Bolsonaro e do golpe está na verdade intimamente ligado à ação das massas, à intensificação da luta de classes, e à liderança do operariado na esquerda. É preciso incentivar as mobilizações, e organizar os partidos e os sindicatos para que estes entrem em confronto direto com todas as faces do atual governo. Nada de fazer aliança com setores ligado a Bolsonaro e nem de “auxiliar” o governo; nosso objetivo deve ser sua derrota, pois é um governo que, simplesmente pela sua existência, é um verdadeiro perigo para a classe trabalhadora. A reforma da previdência, a prisão de Lula e demais presos políticos, os pacotes de leis permitindo o extermínio da população pelos policiais, a retirada dos médicos cubanos, o aniquilamento do ministério do trabalho e escravização dos trabalhadores brasileiros com a nova reforma trabalhista devem ser duramente combatidos. Esse enfrentamento deve se dar nas ruas; a frequência e intensidade das graves e protestos deve aumentar drasticamente, pois nada adiantará travar uma luta no plano institucional, já que este meio está totalmente à serviço dos golpistas, e atuam segundo as regras do imperialismo.
Para que esse combate seja efetivo e eficiente, precisa ser organizado pelo conjunto da esquerda que não quer nenhum tipo de aliança com o governo, e está disposta a lutar contra os fascistas que querem aniquilar os trabalhadores. A segunda edição da Conferência Nacional de Luta Contra o Golpe e o Fascismo se propõe a juntar esses setores de esquerda, e a discutir a formação de comitês de auto defesa, ampliar os comitês de luta contra o golpe, e organizar as campanhas e diversas facetas da luta contra o atual Estado. Ela ocorrerá em março, e como sua precedente versão, está sendo organizada pelos Comitês de Luta contra o Golpe e o Partido da Causa Operária. Todos os setores da esquerda combativa estão convidados a participar independente do partido e da organização. Somente assim avançaremos na derrota da direita.