O Movimento Ao Socialismo (MAS), partido do ex-presidente deposto, Evo Morales, e do atual presidente da Bolívia, Luís Arce, sofreu grande revés nas eleições locais nos principais centros bolivianos de acordo com as nem sempre confiáveis pesquisas de boca de urna.
Segundo estas pesquisas, o MAS foi derrotado em La Paz, El Alto, Cochabamba e Santa Cruz. Nestas quatro cidades, as mais importantes do país, a derrota foi ainda mais sentida pelos nomes que ganharam as eleições.
Em La Paz, venceu Iván Arias, ministro do governo golpista de Jeanine Áñez. Na cidade vizinha, El Alto, venceu Eva Copa, uma dissidente do MAS. Ao centro, em Cochabamba, ganhou o ex-capitão do exército Manfred Reyes. Já em Santa Cruz, no leste, Gary Áñez e Johnny Fernández, ambos golpistas, estão na disputa.
O partido de Evo Morales e Luís Arce ganhou em Sucre e mais quatro cidades de média importância por uma margem bastante apertada.
As eleições municipais na Bolívia são decididas em turno único pela maioria simples de votos.
Nas eleições para os departamentos (semelhantes aos estados brasileiros), o MAS conseguiu um resultado um tanto melhor. Venceu em Cochabamba, porém foi derrotado em Santa Cruz.
O resultado oficial, a ser divulgado pelo Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) deve demorar entre 8 e 10 dias.
A derrota do MAS mostra que, ao contrário do que pensava a esquerda latinoamericana, a direita, a extrema-direita e todo aparelho golpista organizado e financiado pelo imperialismo continuam em marcha visando a tomada do poder.
Como já é de praxe, a direita fez o possível e o impossível para fraudar as eleições. Na pequena Copa Belgica, no departamento de Santa Cruz, com pouco mais de 6 mil habitantes, houve protestos e queima de cédulas. A revolta foi motivada pela transferência ilegal de eleitores de outras localidades para lá, procurando inflar o resultado eleitoral de um candidato que não teve o nome revelado pela imprensa burguesa, mas que tudo leva a crer ser da direita golpista boliviana.
A derrota do MAS revela, mais uma vez, dois aspectos importantes da análise política latino-americana. Em primeiro lugar, que a direita golpista não decidiu entregar os governos ao nacionalismo burguês. Mesmo o MAS tendo vencido as eleições, isso não passou de um recuo diante uma enorme crise para que a burguesia pudesse, depois, retomar o controle do regime.
Em segundo lugar, fica provado mais uma vez que a esquerda não pode ter as eleições como o centro de sua política. É preciso mobilizar os trabalhadores contra a direita golpista e, sobre essa base, travar uma luta política em defesa de seus próprios interesses.