A Polícia Militar do Distrito Federal atacou os camelôs de Brasília mais uma vez. A ação foi realizada nesta quinta-feira (01) na rodoviária do Plano Piloto e na região central nas proximidades do Shopping Conjunto Nacional e do Conic. A operação envolveu a PM e inclusive o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) para apreender as mercadorias dos camelôs e impedir o seu trabalho na região.
O tumulto começou quando os PMs cercaram uma garota de 14 anos que cuidava do carrinho de açaí da mãe. “Deixei minha filha cuidando do carrinho quando ela me ligou, avisando que os policiais tinham tomado [o carrinho] dela”, contou Marcela Cruz, 39 anos, mãe da garota.
De acordo com a vendedora Josielma Nunes, 35 anos, que vende roupas na rodoviária, os policiais chegaram inclusive a apontar uma arma para a menina. “Foi aí que todo mundo se revoltou e a população começou a atacar os policiais”, narrou Josielma. “Não aguentamos mais tanta humilhação”, completou.
A revolta dos trabalhadores da região e inclusive dos passageiros que circulavam pela rodoviária se transformou rapidamente numa manifestação contra a ação da PM. Numa tentativa de se defenderem, os trabalhadores utilizaram paus, lixeiras, as próprias mercadorias e tudo que era possível contra a polícia “armada até os dentes” pelo Estado. Em vídeos circulando pelas redes sociais os trabalhadores gritam na manifestação “Polícia pra ladrão! Abaixo a repressão!” A PM prendeu dois trabalhadores na ocasião, alegando que um teria agredido um policial e outra trabalhadora teria desacatado os mesmos.
O ato realizado nesta quinta-feira (01) foi o terceiro ato promovido pela categoria somente nessa semana. Nesta sexta-feira (02), os trabalhadores camelôs fizeram uma assembleia para discutir a repressão que têm sido alvos e pensar em formas lutarem pelo seu direito ao trabalho e à sobrevivência de suas famílias.
Na reunião, os comerciantes elaboraram e enviaram documento ao Governo do Distrito Federal (GDF) sugerindo uma forma de organização do comércio na Rodoviária do Plano Piloto, enquanto durar a pandemia do novo coronavírus, com o objetivo de desestimular aglomerações e evitar a transmissão da doença. Uma das medidas prevê a liberação do calçadão entre o Conic e o Conjunto Nacional.
A proibição do comércio nas áreas centrais de Brasília é mais um crime contra a vida cometido pelo governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha. Não bastasse a situação de fome e desemprego que atinge a maioria do povo, querem impedir que os mesmo possa manter suas famílias através do próprio trabalho. A ação da PM (que é uma arma de guerra contra os trabalhadores) só favorece os grandes comerciantes de Brasília que querem impedir a concorrência dos camelôs.
A organização e a mobilização dos camelôs assim como de todos os demais trabalhadores é uma necessidade diante da política de fome, desemprego e miséria imposta pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e pelo presidente Jair Bolsonaro. É preciso lutar pelo “Fora Ibaneis” e pelo “Fora Bolsonaro”, inimigos dos trabalhadores e responsáveis pela situação de miséria do povo.