No primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, as ocupações de latifúndios improdutivos pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) sofreu uma queda vertiginosa. Segundo dados divulgados pelo Incra e anunciados pela imprensa burguesa com verdadeiro júbilo, ocorreu somente 1 ocupação nos primeiros cem dias do governo fascista. No mesmo período de 2018, na época do governo golpista de Michel Temer (MDB), foram registradas 43 ocupações no campo.
O governo fascista de Jair Bolsonaro implementou uma política de verdadeiro terror contra os movimentos de luta pela terra. Permitiu o armamento dos latifundiários, estimulou a ação de grupos de milícias armadas no ataque aos sem-terra, indígenas e quilombolas, fez propaganda intensa do excludente de ilicitude no campo, isto é, permissão para os pistoleiros matarem, deu carta branca para a polícia atacar, despejar famílias e destruir suas casas nos assentamentos. Toda a máquina repressiva do Estado foi direcionada para a repressão no campo. O discurso e a prática do governo fascista foi de criminalizar judicialmente, perseguir, intimidar, ameaçar e promover o assassinato de lideranças dos movimentos de luta pela terra. Todos os dias aparecem notícias de acampamentos incendiados, terras indígenas e quilombolas violadas, ataques por parte de milícias e da polícia. Nem sequer um único fazendeiro e seus pistoleiros foram processados.
É preciso que os movimentos de luta no campo, em particular o MST, retomem as ocupações de terras. O recuo diante do governo só teve como consequência o fortalecimento da própria extrema-direita, que se sentiu à vontade para partir para a ofensiva em todos os terrenos. As tentativa de conciliação ou recuo serviram como elemento para que a extrema-direita fascista adquirisse confiança em suas forças. A paralisia cumpre a função de estímulo.
A ofensiva fascista contra os movimentos de luta pela terra só pode ser barrada pela organização e mobilização populares, em particular da população do campo. Cabe ao MST, aos sindicatos de trabalhadores rurais e aos movimentos quilombola e indígena organizarem comitês de autodefesa, para assim resistirem na mesma medida aos ataques dos latifundiários. As ocupações de terra devem ser retomadas em 2020.