Pesquisa do IBGE divulgada na ultima quarta-feira (6) expõe aumento na desigualdade entre homens e mulheres no trabalho em 2019. Embora as mulheres representem mais da metade da população em idade apta para o trabalho (52,4%), entre a população que efetivamente trabalha os homens são maioria (56,8%). Além disso, as mulheres ainda recebem remuneração 28,7% menor que a dos homens. No ano anterior (2018), o mesmo senso feito pelo IBGE indicou que a diferença salarial entre os dois sexos era menor, 20,5%. O aumento é ainda mais alarmante se comparado por exemplo ao ano de 2016, quando a diferença salarial era de 15%.
Não por acaso na segunda metade de 2016 a direita conseguiu dar o golpe de estado contra a presidenta Dilma Rousseff, e no ano seguinte em julho de 2017, o golpista Michel Temer impôs a reforma trabalhista, que dentre os vários absurdos que trazia, determinava a perda ou flexibilização de direitos diretamente ligados às trabalhadoras e conquistados no decorrer de décadas pela luta das operárias. O abismo salarial entre homens e mulheres é apenas um dos reflexos das medidas da burguesia contra as mulheres trabalhadoras.
Entre as mudanças da legislação trabalhista temos a “negociação” entre patrões e empregados, isto ao mesmo tempo em que traz determinações como as mulheres gestantes poderem trabalhar em locais insalubres com autorização médica, quando antes era proibido à trabalhadora gestante ficar exposta a qualquer nível de insalubridade, devendo ser afastada mediante remuneração da insalubridade. Diante da dita negociação, por exemplo, as mulheres serão pressionadas a não procurarem um médico e a continuarem trabalhando com insalubridade mesmo grávidas para evitar perderem seus postos de trabalho, e pela mesma razão não questionarão seus salários inferiores.
Ao mesmo tempo em que as trabalhadoras recebem quase 30% a menos, hoje já são responsáveis pelo sustento de 37,3% das famílias brasileiras e recebem uma sobrecarga de trabalho domestico imensamente maior, são 26 horas semanais em afazeres domésticos semanalmente, enquanto os homens, por também serem massivamente explorados nos seus trabalhos, gastam cerca de 10,3 horas semanais nestas tarefas. Ou seja, a ofensiva dos capitalistas é contra a classe trabalhadora, e recai de forma mais cruel sob as trabalhadoras, isto justamente porque as políticas adotadas pela burguesia coloca e faz com que as mulheres permaneçam entre os elos mais enfraquecidos da sociedade burguesa. Desta forma se revela que a luta das mulheres deve ser a luta da classe trabalhadora contra os capitalistas e por um governo operário, visto que no âmbito da sociedade burguesa que é quem explora e massacra a mulher, não podem vigorar as demandas da luta das mulheres, nem por melhores salários nem por qualquer outra reivindicação.