Em convenção nacional realizada em São Paulo no último sábado (4), o PT lançou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República. A direção nacional do partido indicaria no dia seguinte o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), como candidato à Vice-Presidência. Na ocasião, aprovou-se ainda uma coligação com o PCdoB, em que Manuela D’Ávila – até então candidata à presidente – tornou-se também candidata a vice-presidente de Lula.
Trata-se, na verdade, da pavimentação do caminho rumo ao chamado “Plano B” do PT, em que Haddad e Manuela concorreriam à Presidência caso Lula seja impedido pelos golpistas.
O PCO esteve presente na Convenção Nacional do PT, representado pela companheira Natália Pimenta, do Comitê Central do Partido. Em sua intervenção ela reafirmou que o PCO, diferentemente das últimas quatro eleições, optou por não lançar candidato próprio à Presidência da República, para declarar apoio incondicional à candidatura de Lula como elemento central de aglutinação das forças populares na luta contra o golpe de estado. Natália afirmou ainda que o PCO considera que “aqueles setores que decidiram não apoiar a candidatura Lula, lançando seus próprios candidatos, deixaram de lado os interesses do país para atender a interesses puramente particulares”.
A partir da fala da dirigente do Partido, a imprensa anunciou, em meio a uma tempestade de notícias arrevesadas, que o PCO estaria apoiando a candidatura de Haddad e Manuela em substituição à de Lula, e mesmo que o PCO estaria coligado com o PT e o PCdoB na chapa.
Esses anúncios não correspondem à política do PCO.
Em maio, o Partido anunciou que não lançaria candidato próprio à Presidência da República, e que apoiaria incondicionalmente a candidatura de Lula – então preso em Curitiba havia um mês. É um apoio crítico, baseado na política do PCO, que hoje tem como eixo central à luta contra o golpe de Estado em curso no país. Visava-se justamente denunciar o caráter capitulador e mesmo golpista das pré-candidaturas como a de Guilherme Boulos (PSOL), Manuela D’Ávila (PCdoB) ou Ciro Gomes (PDT).
O PCO entende que o impeachment de Dilma e o feroz avanço do governo golpista de Temer sobre os direitos do povo fazem parte de uma ação internacional do imperialismo contra a classe trabalhadora de todo o mundo – e sobretudo na América Latina. Governos de esquerda de tipo nacionalista – que investiam na conciliação de classes – vêm sendo sistematicamente derrubados por meio de golpes de estados e da sistemática perseguição política e policial contra lideranças e organizações populares e da esquerda. É o que vem ocorrendo no Brasil, onde a criminalização e a prisão de Lula constituem o ponto central desse ataque. Defender a liberdade para Lula e seu direito de concorrer nas eleições, portanto, não constitui apoio irrestrito à política do PT ou às suas táticas eleitorais. Trata-se da defesa das organizações populares e de suas lideranças. Trata-se de defender a esquerda em seu conjunto.
Por apoio incondicional entende-se que, se por um lado, o PCO não coloca qualquer exigência ao PT, por outro lado, a defesa da candidatura de Lula é feita de modo crítico, com base na própria política do PCO. Trata-se apoiar o PT por sua base e pelos legítimos anseios populares de confrontar diretamente a burguesia, impulsionando uma ampla mobilização popular na luta contra o golpe, e não de negociar hoje coligações e cargos com as lideranças do PT.
Por isso, o PCO não participa da coligação formada entre PT e PCdoB para a campanha presidencial. O PCO não apoia de modo algum que se abra mão da liberdade de Lula e de sua candidatura em qualquer momento da campanha. A introdução de Manuela D’Ávila na chapa não é uma soma de forças, mas uma sinalização à burguesia de que o PT estaria disposto a partir para o “Plano B” com Haddad e Manuela.
O PCO entende que os golpistas não permitirão que qualquer candidatura com base popular real vença as eleições, e que uma eventual chapa Haddad-Manuela nada mais faria que legitimar um processo eleitoral fraudulento cujo objetivo final é um radical aprofundamento dos ataques à população. A máquina de propaganda do imperialismo, o governo golpista e o judiciário concentrarão todos os esforços na manipulação e fraude do processo eleitoral para impor uma derrota ao movimento dos explorados que luta contra o imperialismo.
Assim como os setores mais conscientes do PT, o PCO não apoia o “Plano B”, e por isso concentra todos os seus esforços de mobilização na construção de um amplo ato de massas em Brasília, no próximo dia 15, quando será registrada a candidatura de Lula. Será um importante passo na luta popular pela liberdade do ex-presidente e pelo seu direito a concorrer nas eleições. Para o PCO, é Lula ou nada.
