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Fracasso do imperialismo

Eleições nos EUA, marcadas pelo “voto de protesto”

As eleições presidenciais de 2020 nos EUA revelam a dimensão da crise política no principal país imperialista

No ano da maior crise da história do capitalismo – com recorde de desemprego e aumento da miséria no país mais rico do mundo – agravada por uma pandemia que já matou milhares de pessoas no mundo e nos Estados Unidos, a vitória eleitoral de Joe Biden depois de três longos dias de indefinição nos resultados das urnas nos leva a uma conclusão: existe uma rejeição imensa da população norte-americana ao regime político que domina o país há aproximadamente 50 anos, ou seja, desde quando teve início a atual etapa da crise histórica do capitalismo, sua fase neoliberal.

Que Donald Trump é de extrema-direita todos sabemos, mas quem votou nele não pode ser rotulado de fascista. Grande parte de seus eleitores de 2016 e de 2020 protestaram contra o sistema bipartidário norte-americano que nada tem de democrático, pois permite que apenas dois grandes partidos de direita fiquem se alternando no poder há mais de duzentos anos. Como, em 2016, a opositora de Trump era Hillary Clinton, a candidata preferencial do imperialismo, bastante conhecida na política norte-americana havia mais de duas décadas e extremamente impopular, muitos eleitores acabaram acreditando na demagogia de Trump e votaram nele como forma de protesto contra a deterioração das condições de vida do povo que vem aumentando desde o fim dos anos 60 do século passado.

Violência policial, desemprego, miséria, falta de um sistema de saúde público e universal – o que tem ocasionado nos últimos anos queda na expectativa de vida de quem nasce nos EUA e uma das causas principais das altas taxas de mortalidade na pandemia da COVID-19 -, nada disso começou com Donald Trump, mas é o resultado da política neoliberal genocida que começou a ser implementada no governo do presidente republicano Richard Nixon (iniciado em 1969), e aprofundada por todos os democratas que vieram depois: Jimmy Carter, Bill Clinton e Barack Obama, além dos republicanos, em especial Ronald Reagan nos anos 80.

Falando de 2020, temos agora Joe Biden na oposição a Trump. Biden é uma figura sem popularidade alguma e que foi lançado como candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA por meio de uma campanha forte de compra de apoio dentro do partido realizada pela parcela mais poderosa do imperialismo norte-americano. Biden não é majoritário nem mesmo dentro de seu partido e foi a consolidação dessa base de apoio artificial que o fez candidato, o que contraria a vontade autêntica da base do Partido Democrata, que via em Bernie Sanders uma escolha mais democrática.

Além do apoio financeiro que comprou a indicação de Biden como candidato à presidência, existe também o medo de que sem ele na disputa Trump ganharia novamente a eleição. Bernie Sanders colocaria em risco a tarefa mais importante do momento atual da história, é o que dizem muitos esquerdistas acovardados. Tarefa essa que une todos os norte-americanos democráticos: derrotar Donald Trump. O grande problema é que para isso teria que ser eleito Joe Biden, um elemento direitista e tão nocivo quanto Trump para a população norte-americana.

Todos os pré-candidatos derrotados do Partido Democrata deram apoio mais ou menos explícito a Biden, passando o recado para os eleitores americanos, que votaram em Biden por medo de viverem mais quatro anos num país com Trump presidente.

Outro fato que comprova a tese de que Biden é o candidato principal do imperialismo norte-americano é o apoio de republicanos tradicionais a ele, como a família Bush do Texas e a de John McCain do Arizona (candidato republicano que foi derrotado na primeira eleição de Barack Obama).

De fato, Biden foi apresentado pela grande imprensa capitalista como o único candidato capaz de evitar que Donald Trump fosse reeleito. Quem liga a televisão e assiste a algum telejornal pró-imperialista verá as imagens de Joe Biden e sua vice Kamala Harris intercaladas pelas imagens da rebelião que tomou conta das ruas de todo o país – e que ainda não acabou! – contra todo o sistema imperialista e opressor dos EUA, e não apenas Donald Trump. Rebelião que não foi sequer apoiada de fato pelo Partido Democrata.

É claro que Donald Trump não é o candidato principal do imperialismo. Sua vitória em 2016 sobre Hillary Clinton foi uma surpresa e um vexame para os setores que dominam a política norte-americana há séculos. Desta vez, mesmo com todo o peso da crise e da pandemia, além do aparato montado para amedrontar o povo para que votasse em Biden, Trump conseguiu uma grande votação, inclusive tendo mais votos agora do que em 2016 entre aquelas grupos (negros e latinos) que os democratas dizem que sempre defenderam. A insatisfação contra o regime decadente e antidemocrático norte-americano quase superou a chantagem.

Não é difícil então perceber que a diferença entre republicanos e democratas é mínima, ou seja, os dois partidos podem ser tratados como duas frações de um mesmo partido de direita. Isso só não é oficializado porque existe ainda uma mitologia em torno da “democracia” norte-americana, e não pegaria bem que assumissem o que são: um regime direitista de partido único.

É exatamente esse regime político em decomposição que os norte-americanos estão rejeitando nas eleições de 2016 e mais ainda em 2020, assim como nas manifestações que começaram neste ano depois do assassinato do negro Geoge Floyd por policiais brancos, e que são a expressão mais clara da revolta contra a crise mais aguda da história no país imperialista mais importante do mundo.

Os protestos que vem incendiando o país desde o meio deste ano não terminaram porque as suas causas não foram resolvidas nem tampouco conseguiram sufocar a rebelião. O próximo governo democrata de Joe Biden terá que lidar com essa situação. Resta saber se ele conseguirá fazer concessões para as massas, o que parece pouco provável se considerarmos a dimensão da crise, ou se irá partir para o ataque direto ao povo. Os acenos dados aos republicanos e o apoio que tem recebido deles indica que a segunda opção deve ocorrer, ou seja, parece que estamos vendo mais uma união de inimigos do povo se formando para governar os EUA nos próximos anos.

Para quem ainda acha que Joe Biden é um mal menor se comparado com Donald Trump, os próximos quatros devem acabar com todas essas ilusões de vez.

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