De um lado, o partido governista, a Frente Ampla, com Daniel Martínez. Do outro lado, Lacalle Pou, do Partido Nacional, candidato da direita neoliberal que tem apoio da extrema-direita. Estes são os candidatos das eleições presidenciais no Uruguai. Todos apontam uma vitória de Lacalle Pou.
Os militares, por exemplo, ameaçaram o país caso Pou não ganhe as eleições, mas controlando o aparato e as eleições já deram como vitória “contra o marxismo” a ascensão da direita na presidência. Será mais um país latino-americano em que a direita tomará o poder.
Em um processo parecido com o do Chile, em que o golpe se deu de forma institucional, o país tende a enfrentar um aumento da polarização política. Pois a direita está levando os países do continente sul-americano a uma ruptura da política da conciliação de classes. O imperialismo não quer um acordo, por isso estão tirando a esquerda do poder em todos os países. Não querem um acordo com a esquerda. Querem, sim, eliminar todo tipo de organização popular.
Neste sentido, a política da Frente Ampla no Uruguai é um fracasso. Mujica tentou buscar um acordo com a direita, atacando a Venezuela, por exemplo, mas isso apenas levou a uma completa desmoralização do partido e um aumento da ofensiva direitista. Algo semelhante aconteceu na Bolívia, em que Evo Morales cedeu à direita e foi derrubado pela mesma.
Lacalle Pou, o candidato da direita, apoia-se tanto na direita tradicional e no imperialismo, quanto no partido de extrema-direita, Cabildo Abierto. E assim deve interromper 15 anos de governo da Frente Ampla. Possivelmente, será a volta do Partido Nacional (blanco) para o poder. A última vez que isso aconteceu foi em 1990 com a vitória do pai do atual candidato direitista, Luis Alberto Lacalle.
Pou discursa contra o serviços sociais e em defesa da “segurança pública”, o que obviamente demonstra seu programa neoliberal para cortar gastos sociais e aumentar a repressão. Se ganhar, será um presidente semelhante a Bolsonaro, Macri e Piñera, que utilizaram-se da mesma campanha para atacar duramente a população.
É neste sentido que a polarização política deve aumentar no país, uma vez que esta política tem levado a profundas crises na América Latina. Por isso, se o resultado for o esperado por toda a imprensa, o Uruguai deverá se tornar um novo fator de crise no continente.