Na última quinta-feira (12) os britânicos foram às urnas escolher os membros do Parlamento e o novo primeiro-ministro. A vitória do Partido Conservador, deslocado à direita sob a liderança de Boris Johnson, foi esmagadora. A bancada conservadora terá 365 deputados, muito mais do que os 326 necessários para formar maioria. Sem necessidade de nenhuma coalizão, os conservadores governarão com uma ampla margem. O Partido Trabalhista, do outro lado, ficou com uma bancada de apenas 203 deputados, perdendo 59 membros de sua bancada.
Esse resultado era o grande objetivo da burguesia nas eleições – isto é, esmagar Jeremy Corbyn. A campanha contra Corbyn teve um volume gigantesco, em todos os jornais, canais de TV e rádios. Houve denúncias do envolvimento dos serviços de inteligência dos EUA e do próprio Reino Unido na sabotagem de sua campanha.
O principal fator para a derrota de Corbyn, contudo, foi um erro na política dos próprio trabalhistas. O líder do Partido Trabalhista afastou-se de sua posição inicial em relação ao Brexit, que era de respeitar o resultado do referendo, e se alinhou a setores da burguesia que eram contra a saída do Reino Unido da União Europeia. Com isso, a extrema-direita liderada por Boris Johnson apareceu como a defensora da vontade popular, do referendo e da saída do Reino Unida da União Europeia, por meio de muita demagogia.
Essa política adotada pelo trabalhismo mostra a falta de uma política própria. E o mais importante, e que deve servir de alerta para a esquerda no Brasil e no resto do mundo: aliar-se com setores da burguesia contra a extrema-direita leva à derrota diante da extrema-direita. É a própria burguesia que está sustentando o avanço dessa política. Corbyn procurou alinhar-se a setores da burguesia enquanto sua campanha sofria sabotagem até mesmo de setores de inteligência.
No Brasil, há setores de esquerda ansiosos para repetirem esse mesmo erro. Procuram uma frente ampla com o chamado “centrão”, com a chamada “direita civilizada”, para fazer oposição ao bolsonarismo. No entanto, essa é uma aliança impossível, porque o centrão e a “direita civilizada” são justamente os que levaram a que Bolsonaro se tornasse presidente depois do golpe, e que agora dão sustentação ao governo Bolsonaro. As eleições do Reino Unido mostram aonde leva essa política. A relação entre a extrema-direita e a “direita civilizada” é uma relação de aliança política e de apoio. Uma frente com a direita leva à vitória da extrema-direita.