Um dos mais tradicionais clubes de futebol brasileiro, o Botafogo, vive as eleições para a presidência do clube, mas esta é a menor questão ou mudança, o que está em jogo nas eleições deste grande clube do futebol brasileiro é a entrada em cena do clube empresa.
Os candidatos são três: Walmer Machado, Durcesio Mello ou Alessandro Leite. A depender dos interesses mais poderosos nesta eleição, o interesse dos capitalistas diretamente ligados ao processo, assim como também o interesse de outros poderosos capitalistas que estão de olho no processo e a sua imprensa capitalista paga para propagandear que a única saída é o Botafogo S/A, ou seja, a sua privatização.
Neste sentido seu novo presidente poderá ser apenas decorativo, porque administrará apenas o clube social, sendo algum capitalista que já está em General Severiano, aquele que irá mandar e desmandar ganhando milhões as custas do time da Estrela Solitária.
Em meio a tudo isto e também em razão da crise econômica vivida pelo clube nos últimos anos, o Botafogo de Futebol e Regatas vive uma situação péssima no campeonato brasileiro, na penúltima colocação do campeonato, faltando dezessete jogos para o fim da competição, o clube carioca está na zona de rebaixamento, sendo o segundo pior time do brasileirão.
Até setembro último, o salário dos jogadores e funcionários estava atrasado, com a proximidade das eleições dirigentes conseguiram verba oriundos de antecipação de cotas de TV, no total, o valor é de cerca de R$ 12 milhões, mas apenas R$ 8 mi foram liberados.
Esse valor pagou os débitos com os jogadores nos meses de julho e agosto. Para os funcionários, a quantia quitou os meses de maio (para quem recebe acima de R$ 2 mil), junho, julho e agosto. Pagamentos de férias atrasadas, direitos de imagem e àqueles que têm contrato de Pessoa Jurídica não estavam inclusos, mas nesse momento os salários devem se encontrar em atraso novamente.
Toda a crise financeira do clube, no entanto, está sendo utilizada há mais de um ano como pretexto para que o Botafogo adote o chamado modelo “clube-empresa” de administração.
Apontado por vários setores, como a imprensa capitalista, empresários do ramo esportivo, como a “salvação” do futebol brasileiro, o modelo de “clube-empresa” nada mais faz do que abrir caminho para completa privatização do futebol nacional, entregando-o nas mãos dos grandes monopólios capitalistas.
A política aqui é a mesma utilizada quando os capitalistas para tomar de assalto as empresas nacionais, como a Petrobrás, entre outras, utilizam a suposta “crise financeira”, a qual é na maior parte dos casos artificialmente criada por eles mesmos, para então se apropriar do patrimônio nacional.
No Botafogo e em suas eleições o principal debate é este, a entrega do clube, que os dirigentes alegam estar falido para a iniciativa privada, para os capitalistas.
E mais, o grande filé para os capitalistas é se utilizarem do Botafogo como campanha publicitária do clube empresa para atacarem outros grandes clubes de futebol do Brasil, com vistas a aquisição destes patrimônios da cultura popular para o objetivo de lucrarem e retirar tudo do que o clube pode oferecer para depois, como fazem todos os grandes capitalistas, abandonarem o barco ao menor sinal de crise e mudarem seus negócios de ramo.
A privatização dos clubes e a entrega da administração destes para os capitalistas não resolverá a crise financeira dos mesmos, muito pelo contrário. Os clubes se tornarão objetos de especulação financeira, se aprofundará a perseguição aos torcedores, às torcidas organizadas, além da elevação do custo dos ingressos.