A Espanha vive uma das maiores crises de sua história, talvez a maior delas desde o período da Guerra Civil. Em meio a ameaças de golpes de estado por parte dos militares, a interferências da Monarquia no parlamento e outros, o que mais gera crise é a situação da Catalunha.
A região mais industrializada do país ibérico é um local em que o estado espanhol deve manter uma vigilância permanente, por conta da luta por sua independência, o que vem se fortalecendo nos últimos anos.
Em 2017, o então presidente da Generalitat (governo catalão) Carles Puigdemont do Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT) levou adiante um referendo de independência da Catalunha. O resultado positivo e as manifestações na Catalunha fizeram com que a Espanha agisse com extrema repressão contra os independentistas e desse um golpe contra Puigdemont, que teve de fugir do país.
Após esse episódio, que ocorreu durante o governo espanhol de Mariano Rajoy do partido de direita Partido Progressista (PP), ocorreram 4 novas eleições até que Pedro Sanchez do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) conseguisse formar um governo.
O governo foi formado justamente por conta do apoio do partido Esquerda Republicana Catalã (ERC), partido catalão que se diz independentista.
A ERC, acabou por dar suporte justamente para a formação de um governo espanhol, estabilizando o regime momentaneamente e permitindo que o PSOE, que é um partido muito direitista e contrário ao independentismo catalão, pudesse se fortalecer.
Se isso não bastasse, o PSOE deu um suporte gigantesco em um novo golpe de estado na Catalunha, ocorrido em setembro de 2020, contra Quim Torra, pelo gigantesco crime de manter uma faixa em um prédio público pedindo a liberdade dos presos políticos catalães.
Agora, com as novas eleições se aproximando na Catalunha, a ERC que sempre foi um partido muito bem votado pela esquerda local, cai drasticamente por conta da política de frente ampla com o estado espanhol. Quem deve ficar em primeiro é a coalizão de Quim Torra, o Juntos por Catalunha.
Quem cresce também é o partido que se diz de extrema esquerda CUP, que pode passar a ter até nove deputados, tendo quatro até então.
No entanto, quem mais cresce é a extrema direita espanhola. O VOX, que até então não tinha nenhum representante na Generalitat, pode chegar a ter até 6 após 14 de fevereiro.
O PSC (PSOE na Catalunha), deve se tornar o segundo maior partido da Generalitat, o que também contribui para a queda da ERC, já que há o medo de que ela ajude o PSC a formar um governo local.
O candidato do PSC se apresenta como completamente contrário à independência da Catalunha, lutando para que os presos políticos não fossem soltos nem para fazer campanha.
Essas eleições são marcadas também por uma grande falta de democracia. São 15 dias oficiais de campanha, com muitos votos pelo correio e repressão a independentistas, como ao rapper Pablo Hasél, por “injúrias à monarquia”, o que gerou uma série de manifestações e pode ser um ponto decisivo tanto nas eleições quanto nas ruas.