O processo eleitoral dos Estados Unidos está marcado por uma série de violações aos direitos democráticos da população. A votação antecipada está ocorrendo em muitos Estados, porém manobras burocráticas têm acontecido para dificultar ou até mesmo inviabilizar o direito de voto.
As referidas manobras são a supressão dos nomes dos eleitores das listas de votação, filas de espera de até 10 horas para votar, cédulas vazias sem o nome dos candidatos, proibição de votar nas prisões, centros de votação distantes, leis intimidatórias em relação aos eleitores. Está em curso uma feroz batalha para estabelecer quem deve ter o direito de voto e quais parcelas da população devem ter esse direito cassado.
Uma organização de afroamericanos enviou uma carta ao secretário-geral da ONU onde denuncia que existe uma intimidação racial contra a população negra. Foi solicitado que observadores internacionais fossem enviados aos Estados Unidos para fiscalizar as eleições.
As eleições americanas comprovam que a burguesia tenta, de variadas maneiras, impedir que a população exerça seus direitos políticos, isso no país tido como o modelo de democracia para o mundo. No coração do imperialismo mundial, este tenta obstaculizar qualquer tipo de contestação ao seu domínio, mesmo que isso signifique fraudar as normas e cassar direitos previstos na Constituição americana.
O sistema capitalista se encontra em uma profunda crise. A polarização política atinge em cheio os Estados Unidos, que está à beira de uma guerra civil. A burguesia tenta manobrar para manter a fachada democrática do regime, o que é cada vez mais inviável, devido ao aprofundamento da crise.
O que está ocorrendo nos Estados Unidos demonstra uma tendência mundial. A burguesia em crise vai fraudar, manipular, manobrar e violar as próprias regras de seu regime político para impedir qualquer contestação da população. O voto tem um valor limitado, mas pode servir como um instrumento para demonstração de descontentamento popular com o regime. E a burguesia não pode permitir que estas tendências se expressem claramente no país mais poderoso e desenvolvido do mundo, responsável por todo um sistema de opressão mundial.
O candidato democrata, Joe Biden, é o candidato do imperialismo. Percebe-se uma campanha na grande mídia capitalista em favor deste candidato, colocado como um “voto útil”, isto é, uma maneira de impedir a reeleição de Donald Trump. Neste momento, o Partido Democrata é o partido principal dos grandes monopólios capitalistas, instituições financeiras e do complexo industrial-militar.
É importante destacar que o caráter antidemocrático do sistema político dos EUA se aprofunda neste momento de crise e polarização política. As eleições são indiretas, os diferentes Estados têm pesos distintos, o sistema eleitoral conduz ao bipartidarismo forçado (Partido Republicano vs. Partido Democrata) e a representação política é monopolizada pelos grandes capitalistas e, principalmente, pelo capital financeiro. Está em curso uma complexa operação para distorcer a representação política em prol dos interesses da burguesia imperialista.