Com 96% das urnas apuradas no momento em que esta matéria foi escrita, a direita estava liderando as eleições presidenciais no Uruguai. O candidato da direita Lacalle Pou ganhava do frente-amplista Daniel Martínez por 50,7% a 49,3% – um resultado apertado e muito duvidoso.
Desde o início, o imperialismo já tinha se decidido a levar Pou à presidência do país sul-americano. Tanto é que as Forças Armadas do país mobilizaram-se um dia antes da eleição declarando a necessidade da vitória da direita para combater o “marxismo” e restaurar os “valores e a moral” do país.
As eleições foram profundamente controladas pela direita, pelo imperialismo e pelos militares. Diante disso, a vitória apertada da direita revela a gigantesca crise do regime burguês uruguaio; a direita teve dificuldades para eleger seu candidato.
As pesquisas da burguesia, sempre fantasiosas, davam uma margem maior para Lacalle Pou. Manipularam os dados para justificar a vitória de seu candidato, mas mesmo assim o resultado final foi apertado.
A vitória da direita, além de todo o controle da máquina eleitoral pela burguesia, tem a ver também com a política de profunda capitulação da Frente Ampla, que através de Mujica fez acenos ao imperialismo, atacando a Venezuela de Nicolás Maduro e assim por diante.
Mostra que a capitulação não leva a lugar nenhum, pois como demonstrou o golpe na Bolívia, a direita não está procurando nenhum acordo, estão em uma ofensiva contra toda a esquerda e o movimento operário e popular. A América Latina está vivendo uma sequência de golpes, com intensa repressão oriunda da direita. A extrema-direita tem crescido em todos os países, inclusive no Uruguai. O partido fascista Cabildo Abierto apoiou abertamente a candidatura de Lacalle Pou.
Com isso, a direita está promovendo uma ruptura institucional, acenando que não aceitam mais a política de conciliação que permite a existência do centro político. A tendência portanto é o aumento da polarização no Uruguai, pois Lacalle Pou fará a mesma política neoliberal de ataques à população que o restante dos governos da América Latina, que estão enfrentando uma gigantesca rebelião popular. Assim como no resto do continente, acirra-se a luta de classes no Uruguai.