O desenvolvimento da luta de classes pode se expressar de diferentes maneiras. Em momentos de profunda crise do sistema capitalista, os regimes políticos tendem a se reorganizar para conter o que – de fato – está fadado ao desmoronamento. O regime político do Canadá, por sua vez, tem evoluído para uma polarização, onde os separatistas do Bloco do Quebec (BQ) obtiveram 34 cadeiras na Câmara dos Comuns, ou seja – triplicaram a participação.
As projeções para o cenário político canadense, recentemente publicadas neste diário, demonstram, nitidamente, o rearranjo político em que o Partido Liberal (PL), do recém eleito primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, terá de se submeter. Embora os Liberais dominem o oeste canadense, dos 32 distritos, o setor lidera ou estão eleitos em 25. Esses resultados, no entanto, revelam uma queda do domínio do PL em comparação aos resultados de 2015. De acordo com o jornal The Globe and Mail, o resultado parcial, após a apuração de 41% das urnas, todavia, indica 159 cadeiras para a legenda de Trudeau, 117 aos conservadores e 34 ao BQ.
Os escândalos envolvendo Trudeau já indicavam uma disputa acirrada entre os liberais e os conservadores, porém, não se esperava um aumento tão significativo dos separatistas. O BQ, portanto, indica, claramente, a crise política que se desenrola como fruto do desmoronamento do capitalismo em todo o globo. A queda da base eleitoral do PL – juntamente à triplicação do BQ na Câmara dos Comuns – denota, também, o descontentamento da população com as políticas dos setores da burguesia ligada ao imperialismo.
Mesmo com o liberal imperialista Justin Trudeau à frente, o PL terá que formar aliança com partidos de oposição para governar, o que, para o PL, significa a perda da hegemonia política e uma demonstração clara da necessidade de se adaptar à nova conjuntura de polarização política para evitar um choque com setores contrários à velha política imperialista do partido de Trudeau.