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El País atribui ideologia a doença mental

Um artigo publicado pelo El País Brasil, assinado por Javier Salas, em janeiro deste ano, procura pretensamente vincular a política à neurociência ou à psicologia comportamental. O que podemos dizer de início, ao ler o artigo, é que no que diz respeito à ciência natural e à psicologia, as considerações do artigo estão bem distantes de serem levadas a sério como ciência, e no que diz respeito à política, não passam de puro charlatanismo ultra-direitista.

A tese do artigo é a de que as pessoas que têm ideias políticas “extremas” teriam alguma dificuldade, do ponto de vista psíquico, de admitir o erro. Sendo mais explícito, o artigo diz, logo de cara que “radicais mostram dificuldades cognitivas para assumir o erro e têm maior confiança em seu julgamento”. O que ele chama de radicais ou extremistas teriam certas dificuldades cognitivas, ou seja, sem meias palavras, uma ideologia “radical” seria de algum modo um produto de doença mental.

“Dada a crescente relevância dos movimentos políticos radicais, surgiram nos últimos anos novos estudos destacando o excesso de confiança que os mais radicais têm em sua própria opinião. Agora, alguns cientistas resolveram verificar se há algo mais dentro das cabeças mais fanáticas que as impede de sair de seus dogmas, independentemente da ideologia, da pressão social e do ego”, diz o artigo do El País.

O artigo apresenta alguns experimentos com “extremistas de esquerda e de direita” para “comprovar se essas pessoas sempre têm mais confiança em suas próprias opiniões ou se o problema é que têm dificuldade em perceber que se enganaram”. Não entraremos no detalhe do estudo do neurocientista da University College de Londres, pois o próprio artigo do El País apresenta a coisa de maneira superficial, provavelmente porque seja realmente um experimento não só artificial e anticientífico, como mais um caso de “ciência” usada para justificar uma política de direita.

O El País, um jornal do imperialismo espanhol – para quem tem dúvidas basta uma olhada sobre a posição favorável ao golpe na Venezuela e contra a independência catalã – fez da sua versão brasileira um órgão para enganar esquerdistas incautos, apresentando matérias peseudo progressistas e inclusive tentando dar palpites sobre a esquerda e os movimentos populares no Brasil Fez isso inclusive contratando alguns jovens jornalistas com ideias próximas ao do PSOl e da esquerda pequeno-burguesa em geral. Pois bem, esse jornal do imperialismo espanhol afirma que a ideologia política é produto de algum tipo de doença mental. Existe coincidência com o que os nazistas diziam? Total. As piores ditaduras procuravam eliminar seus inimigos políticos atribuindo-lhes determinados distúrbios.

A direita brasileira, por exemplo, cunhou a expressão “esquerdopata”, que é uma maneira de afirmar que todo o esquerdista é um doente. Assim, se o Estado não pode – por enquanto – simplesmente colocar todos os seus inimigos na cadeia, basta inventar uma justificativa médica e enfiar o pessoal num manicômio.

Essa ideia nazista de atribuir ideologia a problemas mentais serve também para desqualificar o argumento do outro. Afinal, se a pessoa tem problemas cognitivos, é melhor nem discutir, é melhor nem levar a sério.

A tese “neurocientífica” para explicar a polarização política no mundo é reacionária, mas também extremamente rebaixada do ponto de vista lógico. A ideologia política é produto da luta de classes, da situação social e econômica. Para a esquerda, esse tipo de interpretação tem dois lados perigosos. O primeiro é o que explicamos acima, é uma ideologia nazista criada para eliminar os inimigos políticos. O segundo é que ela serve para esconder as reais motivações políticas da direita e da extrema direita, sua origem social, sua política, suas causa econômicas. Esse foi um erro histórico da esquerda diante do fascismo: acreditar que era um fenômeno psíquico, uma “neurose de massas” ou coisas do gênero, o que impediu a esquerda de analisar e combater o fascismo corretamente.

A ideologia do El País nesse artigo não é um fenômeno da neurociência, assim como não são nem e extrema esquerda nem a extrema direita. O El País reproduz a ideologia imperialista que está procurando conter a polarização política no mundo todo pois a entende como uma ameaça. E, para isso, está reproduzindo uma ideologia nazista, que só poderá resultar no fortalecimento da própria extrema-direita.

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