Assim como numa fábrica, o golpe – iniciado em 2016 com o impeachment de Dilma Rousseff – tem gerado subprodutos até chancelar seu produto final. Neste caso, o produto – mal-acabado – se cristaliza na eleição de seu “novo” mandatário, o filisteu Jair Bolsonaro (PSL). Como consequência dessa cruzada golpista, o mercado de trabalho no Brasil perdeu 327 mil vagas com carteira assinada em apenas um ano.
Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de postos de trabalho formais no setor privado apresentou uma retração de 1,0% no trimestre encerrado em setembro de 2018 ante o mesmo trimestre de 2017. O emprego sem carteira assinada no setor privado aumentou 5,5% em um ano, submetendo 601 mil trabalhadores a condições sem o mínimo de garantias legais – deixando-os sem o mínimo amparo do Estado. Todavia, o total de “empregadores” cresceu 4,3% ante o trimestre até setembro de 2017, contabilizando 184 mil pessoas que foram forçadas a criarem uma “empresa”, um CNPJ, para poderem continuar trabalhando, sem receber direitos trabalhistas.
Já o trabalho por conta própria teve um acréscimo de 2,6% no período, concentrando 586 mil pessoas a mais. Ademais, a condição de trabalhador familiar auxiliar reduziu 1,9%, com 43 mil ocupados a menos. Quanto ao setor público houve uma geração de 242 mil vagas, representando um avanço de 2,1%. O trabalho doméstico também teve um aumento, com 82 mil indivíduos, representando um acréscimo de 1,3% de ocupados a mais nessa função.
Dadas estas condições, torna-se cada vez mais evidente para que e a quem o golpe de Estado serve: impor “reformas” como a trabalhista, extinguir a CLT, precarizar o trabalho, privatizar e entregar de bandeja as empresas nacionais, terceiriza os postos de trabalho (aumentando a margem de lucro dos patrões e extinguindo-os de responsabilidades empregatícias); tudo isso para aumentar o lucro dos patrões através da superexploração da força de trabalho. Em suma, o golpe é um ataque frontal à classe trabalhadora, que a direita quer aprofundar com a eleição da chapa do golpe militar, Bolsonaro-Mourão.