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Educação & Luta Popular

Carlos A. Lungarzo, Santos, 07-06-2019

Reflexão sobre as estratégias de luta contra a atual barbárie que domina o estado brasileiro e sobre a repercussão de nossa luta no povo argentino, que ontem mostrou a sua solidariedade

O mês de maio no Brasil foi marcado por duas das maiores manifestações de protesto popular que se conheceram no Brasil desde há várias décadas. Ambas tiveram como eixo fundamental a luta contra o criminoso projeto da vandalocracia no poder para destruir a educação brasileira por meio de várias ações próprias de um estado de barbárie.

O governo roubou pelo menos o 30% do orçamento das Universidades Federais, moveu (em cumplicidade com uma assembleia estadual corrupta) uma ação perversa e fraudulenta contra as estaduais paulistas, e ataca de maneira permanente escolas, professores, intelectuais e projetos científicos. Além do intuito principal da gangue que administra hoje o Estado Brasileiro, que é o assalto aos cofres públicos, há também uma razão psicológica ou, melhor dito, psiquiátrica.

❖ Eles odeiam grupos sociais como negros, índios, mulheres, homoeróticos/as, deficientes, doentes, aposentados, pobres, trabalhadores, pessoas inteligentes, professores, artistas, pessoas cultas, etc., mas também detestam tudo o que não seja armas, destruição, violência, estupro, feminicídio, assassinatos policiais e militares, e assim em diante.

Seria impossível descrever, num breve panfleto, os detalhes de todas as mazelas que representa, não apenas o governo e seus aliados, mas os poderes públicos corruptos que se mostram claramente a partir do golpe do 2016 e agora robustecidas. Penso, modestamente, que estão equivocados os que pensam que estas mazelas são percebidos por todos.

Acho que muitos se revoltam apenas pela brutalidade, o analfabetismo, a obscenidade, e os cérebros vazios de estas novas figuras, mas nem sempre percebem (ou simulam que não percebem) que eles são mais brutais do que foi o nazismo, e que, se ainda não destruíram todos nós é porque ainda não acumularam suficiente poder. (Muitos dos líderes nazistas como Himmler e Kalterbrunner, eram fãs de autores românticos como Schiller. Nossos nazistas “ouvem”, porque nem sequer sabem ler, o coprólogo OdeC).

É preocupante ver líderes progressistas importantes (e também os pseudo- progressistas) tratando os membros do governo como simples “incapazes”, “despreparados”, “irresponsáveis”, “ignorantes”, que são adjetivos que aplicamos muitas vezes a pessoas comuns. Em realidade, eles são, além de tudo isso, sádicos, insanos, destrutivos e cheios de ódio. É bem pior ser um sórdido assassino massivo ao serviço do sistema, que dizer “conge” e que pensar que uma matilha é um cardume.

Em realidade, formam uma máfia genocida que assusta outros países, e sobre a qual se hão manifestado com alarme milhares de pessoas e instituições, incluindo o prefeito de Nova Iorque, os governos Europeus, a ONU, e até líderes claramente fascistas como Marina Le Pen e o próprio e repulsivo Matteo Salvini, que não querem ser confundidos com eles.

Além disso, nossos vizinhos capricharam ontem para mostrar sua repulsa pelo capitão. Partidos de esquerda, movimentos sociais, coletivos feministas e de gênero, e as lendárias Mães de Praza de Maio (o único grupo que nos anos 70) fez real oposição à ditadura, receberam Bolsonaro com uma nutrida manifestação que terminou num show cultural.

O pior ataque contra Bolsonaro foi esse, do final: o ato de música, dança e alegria. Nada é pior para os cultores do ódio que a apologia da felicidade. Eu imagino como Bolsonaro devia ter saudades de seus milicianos, de seus jagunços exterminadores de Haiti, de seus comparsas fazedores de milagres. Aquela música deve ter acentuado a nostalgia pelo cheiro de sangue e pólvora que ele e seus partidários semearam generosamente no Brasil.

Mas, voltemos à luta contra o governo e seus cúmplices no Brasil.

Parece que políticos que eu imagino bem intencionados não percebem (ou não se importam) de que uma parte importante dos ministros do atual governo teve atuação central nos genocídios organizados pela MINUSTAH (2004-1017) e a MONUSCO (2012-2015)

Todos sentimos a emoção dos atos gigantescos de 15 de 30 de maio, e, também sentimos a repugnância pelos atos torpes organizados pelo caricato capitão em sua próprio benefício no dia 26. Mas, otimismo não é o mesmo que ufanismo. O fato de que esses atos não tivessem reunido mais de 1% dos que votaram por ele não é suficiente para ficar tranquilos. Meio milhão de alienados, linchadores e mercenários são tóxicos em qualquer sociedade.

Todos nós, estudantes, professores, pesquisadores, enfim, intelectuais, deveríamos aprender uma coisa básica: nós podemos ser criadores de opinião e de consciência, mas não somos criadores de mudanças estruturais sem uma integração íntima, prolongada, estável e disciplinada com os trabalhadores. Vejamos alguns exemplos de países com séculos de lutas sociais:

Na França, o país mais culto do mundo, na conjuntura internacional mais favorável (1968), as massas de estudantes só puderam fazer renunciar o velho imperialista De Gaulle, porque os partidos de esquerda e a CGT lutaram junto com eles nas barricadas de Paris.

Na Itália, um país onde o fascismo existe, de maneira contínua, desde 1919, e onde a Igreja é um player principal, o movimento de estudantes e operários representados pela Autonomia conseguiu apenas sobreviver cerca de vinte anos, mas acabou sendo derrotado pela união entre fascistas, stalinistas e organizações ligadas à máfia e ao integralismo. É verdade que conseguiu vender caro seu sofrimento, e que uma vanguarda esclarecido aumentou seu nível de consciência, mas o fascismo e a inquisição se fortaleceram.

Estes dois exemplos sugerem (embora não sejam suficiente para provar de maneira conclusiva) que os intelectuais devem apoiar as causas populares com o máximo de intensidade se querem amenizar, pelo menos, o poder destrutor do capitalismo.

No Brasil, parar estar onda de barbárie é possível, mas exige que os cento de milhares de jovens que saíram a defender seus ideias, se consolidem, se organizem de maneira estável, e estejam dispostos a evitar a manipulação de velha direita, hoje fantasiada de civilizada.

A velha direita não está nem aí com a qualidade do ensino, nem com saúde, alimentação, trabalho e previdência. Eles vivem de ganhos de capital, da corrupção e dos privilégios que ganham do imperialismo.

A maioria dos ativistas de hoje não viveu a década do 90, mas podem adquirir informação sobre ela. Essa direita que se fingia de “democrática” só facilitou a criação de uma educação fake para somar pontos junto aos observadores internacionais. As escolas públicas aprovavam os estudantes sem dar ensino razoável, porque o assunto era poder entrar nas estatísticas.

É célebre o escândalo de governadores e ministros visitando escolas, e dar vexame ao não conseguir mostrar aos alunos como se faz uma divisão com vírgula decimal.

O único período da história da América Latina (salvo no Uruguai desde 2005 e no Chile nos remotos anos 40), em que a educação foi levada a sério foi o 2002 a 2012, no Brasil. Alguém pode mencionar um país onde se hajam construído 18 universidades públicas, de alta qualidade, numa década?

Se duvidamos disto, procuremos no Google. Hoje ninguém pode argumentar que não possui acesso à informação.

É NECESSÁRIO QUE TODOS GARANTAMOS A GREVE E OS ATOS DO 14 DE JULHO.

Devemos pensar que estas oportunidades não devem perder-se e devem ser multiplicadas enquanto haja militância popular. Devemos ter em conta:

Que o governo atual foi vencedor graças à farsa montada contra Lula por uma verdadeira gangue da pior escória jurídica dos últimos tempos. Que possuímos uma das mídias mais mentirosas e mercenárias que se conhecem. Que os abutres que dominam o país querem destruir a previdência, o emprego, o pensamento e a própria sociedade. É comum ouvir os bolsominions falar das pessoas que sobram… essas pessoas que sobram são o 80% da população brasileira que só tem um mísero salário. Mas, esse 80% não será mais necessário quando seu salário e sua previdência tenham sido totalmente roubados.

É necessário levantar prioridades que são tão importante quanto a defesa da educação:

Combate frontal à Reforma da Previdência.

Denúncia da fraude eleitoral de 2018 a nível internacional.

Repúdio ao cambalacho entre judiciário e parlamento.

Fim da Repressão e da prisão política, como é o caso de Lula.

Tudo isso só poderá ser conseguido com uma nova constituinte plebiscitada e independente.

Os que tem algum tempo livre, se beneficiariam lendo um pouco de história, qualquer que seja sua especialidade. Percebam como, sob consignas “democráticas”, foram impostas medidas neofascistas e neoliberais. Lembrem a história recente: como demagogos e oportunistas facilitaram o triunfo de Bolsonaro, fingindo que a “corrupção” (que sempre houve no Continente) foi inventada pelo PT.

Os jovens que preferem ignorar a realidade, e ouvir as mentiras das pessoas ressentidas de minha geração (incluindo as de pseudo-esquerda), devem refletir um pouco. Mesmo se conseguem parar a destruição da Universidade e acabam formando-se, terão sua vida adulta embutida num mundo sem previdência, sem salário, sem saúde pública, sem ecologia… Sua vida decorrerá no meio a nuvens de agro-tóxicos, seus filhos aprenderão a matar desde os cinco anos, como propõe Bolsonaro, e o STF deixará de gastar dinheiro em julgamentos e entregará a nova geração diretamente às milícias.

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