Ontem, a Polícia Federal entrou no gabinete do deputado federal Eduardo da Fonte, Brasília, como parte da operação Lava Jato. Embora seja considerada pelos coxinhas como um “combate à corrupção”, a Lava Jato já se mostrou um instrumento do imperialismo para detonar seus opositores: está destruindo a indústria nacional, colocou na cadeia o maior líder popular do país e cumpriu importante papel na deposição de uma presidenta eleita por 54 milhões de votos.
Embora o PP não seja um partido fundamentado em setores ligados ao movimento operário, como no caso do PT, nem seja Eduardo da Fonte um líder popular, é nítido que não há nenhuma “luta contra a corrupção” nesse caso. As perseguições a Sérgio Cabral, Eduardo Cunha, Jorge Picciani, Geddel Vieira e Renan Calheiros, entre outros, já haviam demonstrado que o PMDB – agora MDB – era um alvo dos donos do golpe – afinal, o partido com maior influência no Congresso e na Câmara, se não estivesse plenamente alinhado ao imperialismo, pode ser uma pedra no sapato.
Agora, o PP, que é uma agremiação com muitas ligações com a burguesia nacional, uma vez passada a janela partidária, é o partido com a segunda maior bancada na Câmara. Isto é, até este momento, toda a pressão do imperialismo para que o MDB se esfacelasse não propiciou um crescimento do PSDB – que é o partido com maiores ligações com o imperialismo – na Câmara, mas sim de um partido que tem características semelhantes ao MDB.
Além de o próprio PP ser um risco aos interesses do imperialismo, o deputado Eduardo da Fonte também representa, em si, uma dificuldade para setores da burguesia. Eduardo da Fonte é o “dono” do PP em Pernambuco: é o único deputado federal eleito pelo partido no Estado e utiliza praticamente todo o tempo disponível de propaganda na televisão do PP em Pernambuco para sua própria candidatura e seu mandato. Além disso, Eduardo da Fonte é quem comanda as negociações da participação do PP no governo do Estado de Pernambuco.
O Estado de Pernambuco é governado pelo golpista Paulo Câmara, do PSB. Contudo, como o PSDB, o DEM e o PTB – que um dia apoiaram, em alguma medida, o governo – romperam de vez com o PSB no Estado, a sustentação de Paulo Câmara tem sido, sobretudo, o MDB, o PP, o PR e o PSC. Com o definhamento do MDB no Estado, o PP e, consequentemente, Eduardo da Fonte passaram a ser valioso no governo.
A operação Lava Jato não busca combater corrupção alguma, nem enfraquecer governos ruins. Comandadas pelos setores mais fortes da burguesia, as operações contra a corrupção só servirão para “limpar o terreno” para que os golpistas massacrem por completo os trabalhadores. Pelo fim da Lava Jato! Liberdade a todos os presos políticos!