Em recente entrevista concedida ao jornal o Estado de S. Paulo, o deputado reeleito por São Paulo e filho de Jair Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro, deu mostras de como a extrema-direita, caso tenha força política, pretende agir no país do golpe e da fraude.
Com um discurso que mistura profunda ignorância política com uma retórica arrogante e cheia de mentiras, típica dos fascistas, Bolsonaro tem como uma de suas pretensões criar um Foro de São Paulo às avessas, como forma de fortalecer o movimento de extrema-direita internacional: ” Eu quero aproveitar essa onda conservadora para dar uma resposta ao Foro de São Paulo”.
Nesse sentido, até mesmo a direita venezuelana que tenta derrubar o governo “comunista” de Chaves e Maduro há vários anos, é taxada como uma farsa: “Acredito que ela apenas postergar o regime ditatorial de Maduro. E não ficaria surpreso se houvesse um jogo de cartas marcadas, pois a MUD é uma falsa oposição”.
Em outro momento, o office boy da extrema-direita brasileira defende que o Congresso Nacional a ser empossado discuta a criminalização do comunismo, citando a Polônia, a Ucrânia e a Indonésia como países que colocaram na ilegalidade os partidos comunistas e mesmo qualquer referência comunista: “Então, você começa a perceber que não é algo tão radical assim, que existe em alguns países. E, de certa forma evita que as pessoas tenham de pagar com suas vidas aquilo que o passado já condenou”.
Finalmente, como que para fechar com chave de ouro os planos maquiavélicos que estão sendo gestados pelos fascistas tupiniquins, o deputado policial, candidato a carniceiro do povo brasileiro, não poderia deixar de corroborar com a sede de sangue com que os latifundiários brasileiros querem oficializar o tratamento que já é dado ao movimento dos sem-terra.
“O Moro definiu bem. Primeiro o que são movimentos sociais e, depois, definiu o que são essas ações criminosas. O que ocorre hoje é que grupos como o MST por vezes utilizam o seu poder criminoso para invadir terras, incendiar tratores para obrigar o fazendeiro a vender suas terras a um preço abaixo do mercado. Eles impõem o terror para ganhar um benefício por outro lado. É isso que a gente visa combater. Isso aí é terrorismo. É a intenção de levar o terror para amedrontar as pessoas. Se fosse necessário prender 100 mil pessoas, qual o problema nisso?”
Perseguir, torturar e assassinar indiscriminadamente trabalhadores do campo já é uma realidade no país. O que o governo da extrema-direita que fazer é legalizar a barbárie no campo. De fato, se o Bolsonaro pai declarou que o problema da ditadura foi “não ter matado 30 mil”, qual o custo de se chegar a 100 mil como quer o filho?
Os bolsonaros cabem como medida para o agronegócio e o latifúndio nesse país. Ronaldo Caiado (governador de Goiás, fundador da UDR), Tereza Cristina (presidente da Frente Parlamentar Agropecuária, futura ministra da Agricultura) e mais as centenas de parlamentares no Congresso assembleias legislativas, afiam seus jagunços para barbarizar no campo, agora com o apoio explícito dos órgãos de repressão.
Os trabalhadores da cidade e do campo não podem ter dúvidas que a política da extrema-direita e dos bolsonaros não é só retórica. Se esse governo puder, vai perseguir as organizações de esquerda com muita violência e colocá-las na ilegalidade.
Para impedir a carnificina da direita é preciso mobilizar desde já. Quanto mais cedo os trabalhadores forem para as ruas, maior será a dificuldade de o golpe avançar. As mobilizações dos estudantes e pais de alunos contra a tentativa do fascismo se impor nas universidades e nas escolas secundárias com a campanha de escolas sem partido, mostram o caminho.
O sucesso da resistência vai depender fundamentalmente das armas que vamos usar. A independência da classe trabalhadora dos partidos burgueses e dos “democratas” golpistas é questão Sine Qua Non para um movimento vitorioso.
Por isso que a luta dos trabalhadores da cidade e do campo devem estar umbilicalmente ligada ao não reconhecimento do governo ilegítimo, pelo Fora Bolsonaro!, pela luta pela liberdade de Lula e pela organização da autodefesa dos trabalhadores.