Não há nada que esteja ruim que não possa ser piorado no Brasil atual. O filho 03 do governador geral da colônia completou seus 35 aninhos, na quarta-feira (10), com uma festinha decorada por Minions, ao lado da esposa recém casada, e já no dia seguinte seu pai-pai anunciou seu presentão: embaixador do Brasil na capital dos Estados Unidos da América, Washington.
Geralmente, quem representa a nossa combalida nação na capital do império é um embaixador com muita experiência, muitos anos de carreira, que já passou por atribuições diplomáticas em consulados e embaixadas de outros países mais periféricos, para pegar uma prática, uma envergadura nas asas.
A pessoa nem precisa ser necessariamente diplomata de carreira, formada no Instituto Rio Branco, servidora dos quadros do Itamaraty, como também é chamado o Ministério das Relações Exteriores, pelo nome do prédio e sua sede. O escritor Monteiro Lobato, a tenista Maria Esther Bueno e o compositor Vinícius de Morais, por exemplo, fizeram esse papel de embaixadores do Brasil em alguma capital do mundo no passado. A bem da verdade, essa prática, de nomear como embaixador alguém simplesmente porque é importante, não sendo diplomata de carreira, foi praticamente abandonada faz tempo. Já faz mais de meio século que deixou de ser a norma, salvo alguma exceção.
Na outra ponta da questão ainda é prática corriqueira. Os EUA não perderam o costume de nomear como embaixadores alguém que o presidente queira puxar o saco, como um ricaço qualquer, um patrocinador da campanha na eleição, em retribuição. Esse tipo de gente se mistura nas embaixadas pelo mundo com outros níveis de representantes dos estadunidenses, como espiões dos diversos serviços secretos e do aparato policial, militares do Pentágono e lobistas – vendedores de produtos, serviços e invasões culturais.
A indicação do deputado Eduardo, pelo pai, para ser embaixador em Washington, não é fofoca. Eduardo já foi flagrado fazendo uma suposta lista de supostos embaixadores e cônsules não-diplomatas que teriam sido indicados por Lula e Dilma para rebater qualquer crítica contra o presentão que ele ganhou justo no limite: 35 é a idade mínima para o cargo. A questão do nepotismo já foi derrubada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre, consultado sobre o assunto. O senador disse que nunca na história deste pobre País o Senado deixou de confirmar algum embaixador, fosse quem fosse.
E Bolsonaro indicou o filho 03 porque ele fala inglês, fez intercâmbio cultural nos EUA, quando era adolescente e até fritou hambúrguer no frio do estado do Maine, atributos que todos nós sabemos que são imprescindíveis para o posto.
A imagem do Brasil tanto internamente quanto externamente, que o governador geral da colônia não tem nem se esforçado muito para avacalhar – tem sido só ele mesmo – ultrapassou o nível de republiqueta de bananas, depois que Bolsonaro anunciou o sucesso de exportação de dois caminhões de abacates para a Argentina. Portanto, abacates, não bananas.
Em retribuição, já chega o boato que Donald Trump cogita nomear também seu próprio filho Eric como embaixador em Brasília. Seria uma linha direta entre a côrte e a colônia via filhos.
Em que século estamos mesmo?
