No dia 12 de março, o jornal golpista O Estado de S. Paulo publicou um editorial em que escancara todo o cinismo da imprensa burguesa. Intitulado “A missão do ‘Estado'”, o editorial contesta o tratamento que presidente ilegítimo Jair Bolsonaro tem dado à imprensa. Não se trata, no entanto, de nenhuma defesa de nenhum princípio democrático por parte do Estado de S. Paulo.
A crítica do jornal golpista ao governo Bolsonaro é apenas o reflexo da crise política que se abriu no regime político. A impopularidade do governo, as disputas internas e a dificuldade em estabilizar a economia está levando a burguesia a uma divisão. E é tão somente esse o teor do ataque do editorial a Bolsonaro: os interesses do grupo que controla O Estado de S. Paulo são distintos de alguns dos interesses do presidente ilegítimo.
No início do editorial, O Estado de S. Paulo se diz um defensor intransigente dos ideais democráticos: “os jornalistas do Estado se pautam pelo compromisso inarredável com os valores democráticos e com o regime da lei, que estão na essência da identidade do jornal desde sua fundação, em 1875. A defesa da liberdade contra todo tipo de tirania, a começar por aquelas que se creem chanceladas pelas urnas, marca a atuação desta publicação e de seus profissionais ao longo de 144 anos de história”. No entanto, assim como todos os órgãos da imprensa burguesa, O Estado de S. Paulo fez parte da campanha suja e pró-imperialista pela derrubada de Dilma Rousseff e pela prisão de Lula.
Em um segundo momento, O Estado de S. Paulo afirma ser imparcial: “Este jornal se comprometeu, desde seu primeiro momento, a ser totalmente apartidário e independente, infenso às injunções do poder. A imparcialidade necessária para o exercício dessa liberdade não significa, contudo, que o jornal silencie ou deixe de defender o que acredita ser o certo diante do malfeito e do arbítrio. É papel desta publicação funcionar como a consciência crítica de seu tempo”. Contudo, o jornal golpista foi, ele próprio, um elemento dr propaganda da campanha eleitoral de Bolsonaro. O Estado de S. Paulo fez de tufo para equiparar Lula a um criminoso e procurou ao máximo pressionar Fernando Haddad para se apresentar de maneira mais moderada.
O editorial ainda chega a falar que O Estado de S. Paulo se insurgiu contra a ditadura militar. Entretanto, é publicamente conhecido o apoio de toda a imprensa burguesa à ditadura militar, inclusive logístico.
A imprensa burguesa não é uma aliada dos trabalhadores e setores democráticos. As contradições da imprensa burguesa com o governo Bolsonaro nada tem a ver com qualquer defesa real dos direitos da população. Por isso, é necessário mobilizar os trabalhadores e derrubar o governo Bolsonaro na marra.