Uma primeira janela foi perdida, mas não é possível, de forma alguma, dizer que o governo golpista de Michel Temer dispersou o clima de greve geral e de insatisfação que toma conta do País. Os operários nas fábricas, os professores, os bancários, o povo em geral espera o chamado de suas direções.
Temer está acabado, seu governo está em frangalhos. A investida dos caminhoneiros contra o aumento dos combustíveis e o acordo feito deixou o governo numa situação muito vulnerável. Por um lado os especuladores acham o acordo de redução uma concessão enorme, mais do que estão dispostos a aceitar. Por outro, os caminhoneiros consideram a diminuição uma esmola e sentem-se lesados pelo acordo, ninguém está contente.
Para fazer com que os caminheiros cessassem a greve, foi preciso o uso das Forças Armadas, afinal, pelas qualidades do acordo isso não aconteceria. Mas o governo mostrou uma total falta de autoridade ao não ter nem a capacidade de empregar de maneira decidida a violência militar.
Um prego foi martelado em seu caixão com a demissão de Pedro Parente, presidente da Petrobrás. As ações, até o fechamento da redação deste jornal, caíram mais de 13%, chegaram a cair 20%, uma crise se instaura na estatal do petróleo.
Existia na imprensa golpista uma análise de que Temer se sustentava em três pessoas, o presidente do Banco Central, Ilain Goldfajn, no ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles e em Pedro Parente.
Seu governo já não tem nem Parente e nem Meirelles. É odiado pelos trabalhadores, que consideram que Lula deveria governar, que Temer é inaceitável e precisa sair agora.
Esta é a situação que vive o País no que importa aos de cima, mas um fenômeno inverso ocorre nos de baixo, não é o caos, a confusão e o conflito que prolifera no proletariado.
A classe operária se unificou em torno de Luís Inácio Lula da Silva. O candidato petista apenas cresce nas pesquisas, mesmo as mais tendenciosas, e agora já é possível dizer que ele representa a maioria do povo, a quase totalidade dos operários e camponeses organizados. O povo marcha sob a bandeira de Lula, pois nele reconhecem a luta contra a direita golpista que tanto desprezam. A crise do golpe é respondida com uma unidade do povo em torno de Lula.
Algumas categorias sindicais também mostram este fenômeno. Os metalúrgicos da Mercedez Benz, no ABC paulista, fizeram 11 dias de greve, os metroviários de Belo Horizonte, três. Professores, caminhoneiros, motoristas de vans, condutores também fizeram greves, mesmo que de um ou dois dias, em vários locais do País.
Os petroleiros chamaram uma greve de 72h que não progrediu por uma falta de pulso firme das direções sindicais. Falta de pulso firme das direções resume todo o presente momento da situação política.
Os operários querem uma greve, mas precisam saber que estão juntos, como classe, nesta luta. Eles criaram uma organização para liderá-los neste combate, esta é a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, a única capaz de organizar a greve geral. Tendo criado uma organização, ela raramente age sem esta organização, é a maneira dos trabalhadores de agir, e é correta.
As direções em momentos de crise ficam defasadas para com o trabalhador na base, é preciso que elas não apenas estejam em sintonia com a base, mas que ela lidere a base.
A CUT precisa ouvir seus operários, precisa ouvir os operários petroleiros, o inimigo está fraco, um golpe bem dado pode vencê-lo. É preciso aproveitar esta oportunidade para derrubar o governo golpista, conseguir liberdade para Lula, o dever cai a quem pode executá-lo, CUT chame a greve a geral!