Reunida no último fim de semana, em São Paulo, a 29ª Conferência Nacional do Partido da Causa Operária, ratificou a posição assumida pelo PCO desde o primeiro turno das eleições de denunciar o processo fraudulento armado em torno das eleições presidenciais realizadas sem a participação do único candidato com amplo apoio popular e que foi condenado sem provas, preso ilegalmente e teve sua candidatura arbitrariamente cassada, em aberta violação à Constituição Federal.
A conferência analisou a evolução golpista da situação com a burguesia se vendo forçada a se unificar – de fato – por detrás da candidatura da sua ala mais débil (diante dos setores imperialistas e consorciados), com a chapa do golpe militar, do capitão Jair Bolsonaro e do general Hamilton Mourão, uma clara expressão do agravamento da crise política e da enorme polarização, impulsionada pela enorme rejeição dos explorados e de suas organizações de luta do regime antioperário erguido sob re a derrubada do governo de Dilma Rousseff, em 2016, por meio do impeachment fraudulento.
Debatendo a ofensiva da direita expressa, dentre outros, no anuncio do possível ministério de Bolsonaro composto por um ter de integrantes de generais da cúpula golpista, defensores do golpe militar e de toda a herança repressiva da ditadura militar, juntamente com notórios defensores do latifúndio, do ensino pago, das privatizações, do fim das aposentadorias, do aumento da repressão contra o povo trabalhador e tudo mais que se oponha aos interesse da maioria nacional em favor do grande capital estrangeiro e “nacional”, o Partido deliberou realizar uma ampla campanha junto aos trabalhadores e à juventude, contra o governo que a direita quer impor, sintetizada na palavra-de-ordem, Fora Bolsonaro e todos os golpistas.
O PCO, corretamente, reafirmou sua posição de votar nulo, não referendando o processo fraudulento armadas pelas instituições do regime golpista, como o judiciário e a imprensa golpista, que fizeram das eleições uma farsa usada para referendar um “novo”governo golpista que sirva para dar prosseguimento à ofensiva levada adiante desde o golpe de Estado.
A Conferência reafirmou a rejeição do Partido à política reacionária de setores da esquerda burguesa e pequeno burguesa, que não só não denunciam a fraude, como buscam estabelecer um acordo com a setores da burguesia em torno da farsa da disputa eleitoral, abandonando totalmente a luta contra o. golpe e até mesmo a defesa de questões democráticas fundamentais como a defesa da liberdade do ex-presidente Lula.
Sob a base de uma análise concreta da situação, a Conferência avaliou a onda fascista impulsionada pela direita, em busca de conter e aterrorizar o movimento de luta dos trabalhadores, que atinge covardemente sem terras, mulheres, negros, homossexuais e que precisam ser enfrentados, pelos meios que forem necessários, por meio da organização de comitês de autodefesa, na cidade e no campo e coma organização de uma ampla campanha contra a fraude eleitoral.
Em contrapartida, debateu também a covardia política da esquerda burguesa e pequeno burguesa que, frente à fraude, aos ataques da direita fascista e as “exigências” reacionárias das alas da burguesia golpista que não apóiam publicamente Bolsonaro (declarado neutralidade ou até apoio à Haddad), mas que trabalham – de fato – pela sua vitória, segue capitulando, como fez quando desistiu da candidatura de Lula, sob as ameaças dos generais. Agora, esse “comando” da esquerda – cada vez mais dominado pelos que defenderam o “plano B” (a substituição de Lula por outro candidato “aceitável” pelos golpistas). Desta feita, estão retirando da campanha tudo o que lembre até uma campanha de esquerda, como a defesa de reivindicações democráticas contra o regime golpista (como a defesa da constituinte), a defesa dos direitos das mulheres contra a reação (como a defesa do aborto), a defesa da liberdade de Lula e demais presos políticos do regime; chegando ao ponto de adotarem até mesmo as cores da campanha da direita.
Em uma situação em que o Judiciário, o Legislativo e o Executivo encontram-se cada dia mais sob a tutela dos militares golpistas, a Conferência aprovou um chamados aos Comitês de Luta Contra o Golpe e a todas os demais comitês e organizações de luta dos trabalhadores a se unificarem em torno da realização da II Conferência Nacional Aberta de Luta contra o golpe e o fascismo e a unificar a esquerda da luta contra o golpe em torno de reivindicações centrais da próxima etapa, como a defesa da liberdade de Lula, pela revogação de todas as medidas do governos golpista e a impulsionar uma ampla mobilização, nas ruas, para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.