Enquanto boa parte da esquerda pequeno-burguesa brinca de fazer eleições, o golpe avança e se aprofunda o fechamento do regime político no Brasil. É essa situação que colocou Lula na cadeia para abrir caminho para uma perseguição generalizada contra todo a esquerda e os movimentos populares.
A esquerda pequeno-burguesa não acordou com os ataques contra os direitos do povo. Não acordou com a reforma trabalhista, a terceirização, as privatizações, o corte de verbas, o assassinato de Marielle Franco. Não acordou com nada do que aconteceu desde o golpe de 2016. E nem mesmo a prisão completamente absurda do maior líder popular do País fez esses setores da esquerda despertarem para o óbvio: o Brasil vive um golpe que está de maneira mais ou menos veloz caminhando para uma ditadura.
Enquanto essa esquerda continua se entorpecendo com a droga da da democracia, o País assiste por exemplo à aprovação por unanimidade do fim do Foro parlamentar na semana passada. Muito rapidamente, esse ataque frontal ao direito do cidadão, ou seja, de um político eleito ter garantias de exercer se mandato sem que o Judiciário u qualquer outro poder o ameace, faz efeito. As notícias são de que vários deputados e senadores terão processos encaminhados para a 1ª Instância para serem julgados por uma espécie de “Sérgio Moros regionais”. Ou seja, o voto de milhares, talvez milhões de brasileiros, serão rasgados conforme a decisão de um Juiz que ninguém conhece muito menos elegeu.
Outra mostra do avanço do golpe é a nova ameaça do general Paulo Chagas. Segundo ele, em sua conta no Twitter, o STF deveria tomar novamente o lado do “bem”. Ou seja, o STF deve negar o pedido da defesa de Lula pela liberdade, invocando a “cólera das legiões” contra os ministros. Mais uma ameaça que coloca o STF sob a baioneta dos militares, não que o STF tivesse propensão a defender Lula, como ficou claro com o resultado de ontem com a votação do terceiro ministro contra Lula.
Enquanto tudo isso acontece, os candidatos da “esquerda”, seja ela pseudo-radical ou não, brincam de eleição. Fingem que o País vive uma normalidade tão grande que seria possível fazer campanha eleitoral, fazer promessas, discutir um “plano de governo”, ganhar votos e quem sabe “virar a página do golpe” como defendem abertamente setores da esquerda, inclusive de alas do próprio PT.
E Lula, no meio dessa encenação toda, continua atrás das grades. O único candidato que poderia vencer as eleições, ainda que com dificuldade devido ao domínio dos golpistas das eleições, pois expressa o enfrentamento do povo contra o golpe e suas medidas. Essa esquerda vira as costas para Lula, embora no discurso possa fingir defendê-lo, e legitimam a eleição fraudada e assim legitimam também o regime golpista.