Em 31 de dezembro de 1951 faleceu de um ataque cardíaco, após um acidente de carro que o deixou semanas no hospital, o diplomata soviético, e ex-Comissário do Povo para Relações Exteriores da URSS (1930-39), Maxim Litvinov. Antigo militante revolucionário, Litvinov esteve à cabeça da política externa da burocracia soviética durante os anos de 1930, auge da repressão política contra os elementos revolucionários do Partido Comunista Russo e os dissidentes e críticos da política contrarrevolucionária da burocracia stalinista, justamente por defender uma política de abertura, conciliatória com os países imperialistas ditos democráticos, em particular França e Grã-Bretanha. .
Nascido Meir Henoch Wallach-Finkelstein, em uma rica família judia na Rússia em 1876, Maxim ingressa ao 16 anos no exército; ao deixá-lo, por volta do início do século, adere ao movimento revolucionário e inicia sua ,militância no Partido Operário Social Democrata Russo. É preso pela Okhrana e após 18 meses de prisão foge para a Suíça. No exílio ingressou no conselho editorial do ISKRA. Participa da Revolução de 1905 e torna-se editor do Novaya Zhizn (Nova Vida). Após a revolução de outubro de 1917 desempenha papel diplomático no governo revolucionário, sendo nomeado em 1921 Vice-Comissário para as Relações Exteriores da nascente URSS. Desempenhou ainda funções de embaixador na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.
Por sua política conciliatória, já conhecida do Partido, e pela experiência diplomática e contatos com França e Inglaterra, embora não sendo considerado totalmente confiável pela alta esfera da burocracia, cumpriu a função de estabelecer maiores laços entre a União Soviética e esses países imperialistas. Com o novo giro político e a tentativa de firmar acordos com a Alemanha Nazista, e também por sua ascendência judaica, fora retirado do cargo de Comissário, servindo posteriormente como Embaixador nos EUA. Ao retornar a URSS assumiu o cargo de vice-ministro das Relações Exteriores, sendo demitido em 1946.
Aventou-se na época na possibilidade de o acidente que acabou acarretando a sua morte ter sido obra de Stalin, o que não fora confirmado até hoje. A política externa da burocracia soviética foi marcada por grandes giros e ziguezagues, pois tinha por orientação, naturalmente, a mesma que a política interna, ou seja, a defesa dos interesses imediatos da burocracia soviética, por isso marcado por sobressaltos e bruscas viragens ideológicas, sempre, contudo suscitando o “marxismo-leninismo” dos tolos, quer dizer a doutrina stalinista, como justificativa, hora conciliando-se com setores do imperialismo, hora com outros setores, como num jogo em que os único objetivo é manter a si e os seus privilégios vivos.
Essa é a essência da política exterior da burocracia, que Litvinov ajudou a consolidar: subordinar o Estado Operário aos mesquinhos interesses de uma casta alienígena dirigente.