A eliminação do Kulak como classe foi uma campanha de repressão política da burocracia stalinista, diante da grave crise de abastecimento no final dos anos de 1920 – provocada pela especulação com cereais e outros artigos agrícolas – realizada pelos pequenos e médios proprietários privados (Kulaks) na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Em 30 de janeiro de 1930 foi adotada nos organismos dirigentes do Estado Operário dirigido pela burocracia, a resolução “Sobre medidas para a eliminação de famílias kulak em distritos de coletivização integral” que transformava as teses anteriormente defendidas por Stálin em ações efetivas do aparato burocrático repressivo para conter a crise.
A luta contra os Kulaks se deu no âmbito do I Plano Quinquenal e se estendeu para além. O objetivo do Plano era coletivizar a agricultura, movimento que ficou conhecido como coletivização forçada, além de investir na indústria pesada, sobretudo na siderurgia e eletrificação. A ação da burocracia na luta contra o Kulak, um germe das relações capitalistas no seio do Estado operário, resultou numa verdadeira catástrofe econômica.
Os Kulaks foram divididos em categorias, uma deveria ser presa ou executada, outra enviada para a Sibéria, para os Urais ou para o norte do Cazaquistão. Suas propriedades foram confiscadas para o bem da agricultura coletivizada. Os métodos empregados pela burocracia stalinista, pega de surpresa pela ação dos Kulaks, resultou na perseguição total e repentina do Estado contra os Kulaks, que levou o país a beira da guerra civil e a uma destruição econômica, que os Kulaks, para não entregarem as propriedades e os excedentes, destruíram a produção animal e os cereais.
A crise levou a um extraordinário desabastecimento e a uma fome de grandes proporções em várias regiões do país. A burocracia stalinista, antiga aliada dos Kulaks, ao ver o proponente a classe dominante ameaçar sua dominação se viu forçada a adotar o programa da ala esquerda, o fez tardiamente e da maneira mais brutal, desorganizada e burocrática possível, os resultados dessa crise são da responsabilidade, não somente do Kulak, que é um inimigo do Estado operário, quanto da burocracia, que era um parasita do Estado Operário.
A oposição de esquerda, tendência do Partido Bolchevique, então Partido Comunista da Rússia, liderada por Leon Trotsky e outros militante já haviam, antes de 1927 colocado em discussão o problema do Kulak, já haviam apontado a inevitável luta e mostrado a necessidade de uma rápida industrialização, controle dos preços pelo Estado e uma ordeira e paulatina organização do campo com base a desenvolver uma agricultura altamente industrializada. Stalin e sua camarilha eram da opinião contrária à industrialização acelerada e afirmavam que o plano rompia a aliança operária e camponesa. Diante do fato, opera-se um giro e a burocracia adota aspectos do programa da esquerda, mas os realiza a sua maneira, que leva a catástrofes.
Há inúmeros mitos da burguesia imperialista sobre a mortandade causada nessa crise, os números levantados pela por autores de direitas são gigantescos, independentemente dos exageros da imprensa e dos intelectuais burgueses, o fato é que a crise resultante da luta entre o Kulak e a burocracia, mas sobretudo resultado da política adotada pela burocracia, levou a uma das maiores crises econômicas e humanitárias do século.