Há 35 anos, no dia 29/12/1987, ocorreu um massacre brutal contra os trabalhadores rurais. A operação sanguinária, contou com a Polícia Militar do Pará com auxílio do Exército Brasileiro. O “Massacre de Bonifácio”, também chamado de Massacre da Ponte, se iniciou com obstrução à ponte mista de Marabá, reivindicando a reabertura do garimpo de Serra Pelada. O nome, se deve pela maioria dos garimpeiros serem devotos católicos, eles estavam imitando o papa São Bonifácio I, que lutava pela unidade da igreja católica. Os garimpeiros, lutavam, corretamente, pela unidade da luta dos trabalhadores.
O conflito se iniciou pela desativação da Serra Pelada, aliada à insatisfação dos garimpeiros pelas más condições de trabalho, a manifestação que havia surgido pacificamente, se intensificou após a morte por espancamento de João Edson Borges, em reação, um policial foi morto e prometeram vingança em diversas oportunidades. Deixando Serra Pelada na madrugada do dia anterior, os trabalhadores rurais se organizaram em Marabá para resolver o impasse, percorreram 130km de ônibus e caminhões e acamparam na cidade, não houve manifestação política naquele momento.
Aproximadamente 1000 garimpeiros se deslocaram para a ponte mista de Marabá, trecho da BR-155, a mesma estrada que, 10 anos depois, ocorreria o massacre de El dourado de Carajás – e bloquearam os veículos, as pessoas e as locomotivas da estrada de ferro de Carajás, como forma de chamar atenção ao problema político. O governador direitista, Hélio Gueiros, deu ordem para que se desobstruísse a ponte.
O grupo liderado por Jane Resende – primeira líder feminina de um garimpo –, havia fechado a ponte e colocado uma carcaça de camionete e britas nos trilhos. Do outro lado, 500 soldados fortemente armados, do 4° batalhão da Polícia Militar encurralaram os trabalhadores, atirando contra eles durante 15 minutos, enquanto o Exército (23°. Brigada de Infantaria da Selva) os cercava. Um verdadeiro massacre, e o número de mortos é desconhecido até os dias de hoje. Segundo o governador do Pará teriam morrido apenas duas pessoas, número que não condizia com a realidade, pois um dos manifestantes, com o nome de Francisco, disse à TV Liberal ter visto 8 cadáveres. Após dar a entrevista, curiosamente morreu a pauladas, no dia seguinte, ato de terror para amedrontar outras testemunhas. São 79 desaparecidos e os criminosos, apoiado pelo Estado fascista, estão impunes até os dias de hoje.
Esse massacre, ilustra o fato de que o fascismo não é uma exclusividade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como a esquerda pequeno-burguesa quer nos fazer crer. Como se não bastasse, em uma verdadeira histeria coletiva, pede repressão policial contra os manifestantes “bolsonaristas” por obstrução de via. Não entende o perigo dessa política, e, muito menos entende a gravidade desta reivindicação, apenas jogam água no moinho da direita.
A interrupção de estradas sempre foi utilizada como estratégia e método pela esquerda na luta contra a burguesia, não há de ser considerado como um “ato terrorista”, expressão costumeiramente utilizada pela direita. O PCO defende o direito de a população se armar, especialmente dos trabalhadores rurais que sofrem constantes ameaças policiais, jagunços e não podem se defender.
Os trabalhadores são frequentemente esmagados peças forças reacionárias e repressivas. Os trabalhadores rurais, assim como os urbanos e qualquer tipo de minoria, deve ter o direito de se armar e se organizar em comitês de luta para autodefesa, é a única maneira eficaz de continuar com a luta revolucionária, ou, minimamente democrática.
Mesmo uma manifestação pacífica, como essa que relatamos, pode virar um massacre. Ali não reivindicava nenhuma mudança radical no regime político, apenas denunciavam as péssimas condições de trabalho, que realmente é um tipo disfarçado de escravidão. Esses políticos que antecederam Bolsonaro não são mais democráticos ou mais “civilizados”, à burguesia utiliza a “barbárie” como método, em qualquer situação que o povo confronto seus interesses.