No dia 29 de setembro de 1902 morria na França o escritor e romancista francês Émile Zola aos 62 anos de idade, vítima de um envenenamento. Émile-Édouard-Charles-Antoine Zola nasceu em Paris em 2 de abril de 1840 e em sua vida adulta se dedicou à carreira de jornalista e escritor, tendo sido a maior expressão da escola literária naturalista. Zola também teve importante participação política na França sobretudo com a sua obra que retrata a luta de trabalhadores das minas chamada Geminal e a carta aberta intitulada “J’accuse” (eu acuso) que publicou em um jornal francês denunciando a fraude do estado francês no caso Dreyfus.
Em 1885 foi publicado o romance histórico Geminal, escrito por Émile Zola e considerada sua obra máxima. Geminal aborda a vida e a luta dos trabalhadores da mina Voreux na França onde os mineiros após entrarem em contato com os ideais socialistas que circulavam entre os operários por toda a Europa passaram a travar uma luta por diversas reivindicações o que culminou em uma greve geral. Geminal é uma obra de grande valor histórico para o trabalhador dentro da luta de classes.
Zola descreveu em seu romance diversas dificuldades enfrentadas pela classe trabalhadora e até hoje estão presentes na vida dos operários. O escritor inclusive trabalhou por alguns meses na mesma mina de carvão, tendo participado da greve promovida pelos trabalhadores contra seus patrões, e conviveu com os mineiros no seu dia a dia, sentindo na pele as condições desumanas de trabalho nas minas onde era comum que os trabalhadores morressem, os baixos salários, a fome, a precariedade de habitação, dentre outras mazelas sofridas pela classe trabalhadora como resultado direto da exploração capitalista.
Outro ponto importante na vida e atuação política de Émile Zola foi o artigo “J’accuse“, em português “Eu acuso”, publicado pelo escritor no jornal parisiense L’Aurore em 13 de janeiro de 1898 em formato de carta para o então presidente Félix Faure. A publicação é uma denuncia contra o estado francês no caso Dreyfus, onde Zola defende a inocência de militar francês diante de uma fraude montada pelas autoridades francesas e impulsionada pela direita antissemita para culpar Dreyfus de traição contra a França.
Dreyfus foi acusado de passar informações importantes das forças armadas francesas para a Alemanha. A França alegou que haveriam diversas provas contra o militar judeu, mas a única de fato conhecida seria a bordereau, carta supostamente escrita por Dreyfus para um militar alemão, quando na verdade a carta foi escrita por Walsin-Esterhazy, tendo ele próprio contado a um jornalista inglês que era o autor do bordereau, tendo forjado a letra de Dreyfus por ordem de um coronel e ano depois da morte de Dreyfus a França voltou atrás e reconheceu sua inocência.
O caso Dreyfus se torna ainda mais importante porque foi usado pela extrema direita para ganhar força em sua campanha antidemocrática principalmente com a questão do antissemitismo. A denúncia de Zola no caso é sobretudo um enfrentamento desta extrema-direita e da burguesia que controlava o país. Pela publicação Émile Zola foi processado por difamação e condenado a um ano de prisão, a qual não cumpriu pois se refugiou na Inglaterra e só retornou à França quando não poderia mais ser penalizado.
No entanto a retaliação à denuncia feita pelo escritor veio quatro anos depois, em 1902, quando Zola foi envenenado por inalação de monóxido de carbono que foi depositado na lareira de sua casa, e embora não tenha ficado formalmente comprovado o assassinato é forte a possibilidade de ter sido assassinado por inimigos políticos relacionados por sua atuação no caso Dreyfus.