No dia 28/12/1813 nasceu, em Arroio Grande, Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai, Irineu Evangelista de Sousa, um dos maiores empresários do Brasil no século XIX. Pelas contribuições ao desenvolvimento industrial do Segundo Império, recebeu os títulos nobiliárquicos de Barão de Mauá e, mais tarde, Visconde.
Tendo vindo de família de pequenos estancieiros e após uma infância conturbada – o pai fora assassinado por ladrões de gado e, após o segundo casamento da mãe, é entregue aos cuidados de um tio – vai ao Rio de Janeiro e trabalha como caixeiro na loja de um comerciante português, aos torna-se guarda-livros da empresa. Após a falência desta, é admitido em uma empresa de importação de um comerciante escocês, Richard Carruthers.
Em 1836, torna-se gerente da casa comercial Carruthers & Cia, esse cargo lhe permite uma viagem para Inglaterra, em 1840, onde pôde tomar contato com as conquistas da revolução industrial e com as ideias liberar mais avançadas da época. Em 1846, inicia um dos maiores empreendimentos do Segundo Império, de impacto profundo no desenvolvimento nacional, a Fundição e Estaleiros Ponta de Areia, para atuar na indústria pesada, fundição, estaleiros, caldeiraria, um fato inédito na vida econômica do País até então.
As ideias do Barão e, posteriormente, Visconde, correspondiam à época de ouro do liberalismo europeu, ideologia liberal que expressava o papel progressista da burguesia e das relações capitalistas em oposição às relações feudais e semifeudais que dominavam a Europa. Chegadas tardiamente no Brasil, Mauá foi um de seus principais, se não o principal, divulgador e realizador.
Outros feitos do gênio comercial e industrial de Mauá, muito diferente dos demais membros da classe dominante, cujo principal investimento era na compra de escravos de África e nas companhias de tráfico, foi o investimento em maquinaria e indústria de base.
Investiu em estradas de ferro e ferrovias, a primeira ferrovia no Brasil, a estrada de ferro Mauá, em cuja inauguração o próprio imperador Dom Pedro II lhe concedeu o título de Barão, em 1854. Iniciou a exploração do rio Amazonas e afluentes, dentre outros, com barcos a vapor, foi responsável pela instalação de iluminação a gás na cidade do Rio de Janeiro.
O empresário tinha a ideia de trazer o que havia de mais avançada para a indústria brasileira, não somente a maquinaria, como também as relações plenamente capitalistas, por isso era opositor da escravidão no país.
Mauá também foi um grande banqueiro, fundando alguns bancos no Brasil e chegando a ter filiais do Banco Mauá MacGregor & Cia em Londres, Paris e Nova Iorque.
Por diversos motivos, como a concorrência desleal do capital monopolista, do imperialismo que estava se formando, foi à bancarrota. Perdeu sua fortuna gigantesca, passando por dias de privação financeira e terminando a vida com alguma estabilidade financeira, muito inferior dos tempos áureos, trabalhando com corretagem principalmente de café em Petrópolis. Morre aos 76 anos em 1889, uma anos após a abolição da escravidão.
Mauá foi um representante tardio das ideias progressistas da burguesia, no período em que a burguesia passava por uma transformação, tornando-se completamente reacionária. A burguesia como um todo já não cumpre papel progressista nenhuma no desenvolvimento da sociedade. Hoje, ao contrário, são empecilho ao seu desenvolvimento.