A Guerra Civil Espanhola, que durou entre 1936 e 1939 com a vitória dos fascistas, talvez seja o exemplo mais bem acabado de como a política de frente popular impede tanto a revolução socialista, quanto o combate ao fascismo. A política que foi impulsionada por um Stálin temeroso, de que a revolução na Espanha pudesse quebrar o pacto realizado com o imperialismo por parte da burocracia soviética, gerou inúmeras mortes, impediu a revolução socialista de acontecer e mergulhou a Espanha em uma ditadura que durou até 1975.
Vigorava na Espanha um sistema republicano conhecido como Segunda Republica. Esse sistema, que havia acabado com a monarquia em 1931, passa por 2 governos, um mais à esquerda e outro à direita até chegar a 1936, em que a esquerda se une a partidos burgueses para formar a Frente Popular. Essa Frente Popular fica no governo somente por 6 meses, quando, no dia 17 de julho, explode um golpe de estado militar impulsionado pela burguesia e que, dentre outros grupos, engloba a Falange de Franco.
No dia seguinte ao golpe militar, os trabalhadores que se agrupavam nas duas centrais sindicais espanholas, a CNT e a UGT, tomam os quarteis generais de algumas cidades, dentre elas, as duas mais importantes, Madrid e Barcelona.
É dado início então à Guerra Civil Espanhola. Durante os próximos três anos que se seguiram na Espanha, o país ficou dividido entre os territórios ocupados pelos fascistas e os territórios ocupados pelos republicanos.
É importante dizer que no interior do grupo de republicanos, em que também estavam os comunistas, os socialistas e anarquistas, também estavam grupos políticos ligados à burguesia, o que fez com que a direção de sua política não tivesse nada muito claro e trouxesse muitas derrotas para a esquerda.
Segundo Trótski na época, caso os trabalhadores espanhóis saíssem vitoriosos apesar da política de suas direções, a revolução inevitavelmente teria se espalhado por toda a Europa, gerando medo em toda a burguesia. É por conta disso que uma aliança com os setores burgueses era, e ainda é hoje, totalmente inviável, já que os burgueses jamais permitirão uma vitória dos operários, pois isso significaria o fim de sua propriedade privada.
Ao largo dos três anos de conflito, os fascistas foram ganhando terreno, até que conseguiram controlar praticamente todo o território espanhol e, após sitiarem as maiores cidades, essas acabaram caindo sem muita resistência, como é o caso de Madrid em 28 de março de 1939.
Muitos dos membros da segunda república fugiram para o México, onde instalaram uma espécie de república alternativa.
A Guerra Civil Espanhola tomou conta do imaginário popular, fazendo com que inúmeros movimentos artísticos a reproduzissem e contassem sua história ou de seus conflitos. É o caso de livros como Soldados de Salamina, de Javier Cerca, de filmes como o Labirinto do Fauno, de Guillermo del Toro e Por Quem Os Sinos Dobram de Sam Wood, em músicas, como o punk dos The Clash e em pinturas, como é o caso do famosíssimo quadro Guernica de Pablo Picasso.