Em 1908 foi criado, pelo então Procurador Geral dos EUA, Charles Joseph Bonaparte, um escritório de investigação (Bureau of Investigation, BOI), com uma equipe de investigadores próprios. O novo departamento, submetido ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, surgiu da necessidade de regular o comércio interestatal, após a decisão da Suprema Corte, em 1886, de que os estados não tinham poder de regular esse comércio. Uma agência federal com poucos agentes fora criada, no entanto, a necessidade de mais funcionários, levou a criação do referido departamento. Em 1935, seu nome foi alterado para Departamento Federal de Investigação, da sigla FBI, mundialmente conhecida, vem do lema da instituição: “Fidelity, Bravery, Integrity” (“Fidelidade, Bravura, Integridade”).
Legalmente, a organização teria as atribuições de:
- Proteger os Estados Unidos de um ataque terrorista;
- Proteger os Estados Unidos de espionagem e operações de inteligência estrangeira;
- Proteger os Estados Unidos de ataques baseados na Internet e de crimes envolvendo alta tecnologia;
- Combater a corrupção pública em todos os escalões;
- Proteger os direitos civis;
- Combater empresas e organizações criminosas nacionais e transnacionais;
- Combater os principais crimes do colarinho branco;
- Combater crimes violentos de relevo;
- Atualizar a tecnologia para um desempenho bem-sucedida da missão do FBI;
- Combater assassinos em série que aterrorizam os Estados Unidos, visto que eles combateram Gary Ridgway e Ted Bundy, os assassinos em série mais prolíferos do país.
A organização atua sobretudo no âmbito interno, protegendo o establishment político norte-americano daquilo que classificam como risco a integridade do Estado. O FBI é um dos aparatos cuja característica fundamental é a perseguição política dos oponentes internos e externos do regime politico dos Estados Unidos, servindo de modelo a Polícia Federal no Brasil e muitas outras polícias no mundo.
Exemplo claro do caráter persecutório desta organização, poderíamos dizer criminosa, foi o chamado projeto COINTELPRO (Programa de Contrainteligência) do FBI, no final da década de 1960 e início da década 1970. Esse projeto secreto, posteriormente tornado público por vazamento de documentos, tinha como objetivo: vigiar, infiltrar, desacreditar e perturbar ativistas e críticos do governo.
Foram alvos do FBI, agrupamentos considerados subversivos como organizações de mulheres, o Partido Comunista, opositores da Guerra do Vietnã, ativistas dos direitos civis e dos negros (por exemplo, Martin Luther King Jr. e o Partido dos Panteras Negras, que foi destruído violentamente pelo FBI), ambientalistas, movimentos de independência, como de Porto Rico, e uma variedade de organizações esquerda moderada.
Além da atuação interna, o FBI passou a atuar externamente, a partir da corrupção de instituições, como foi o caso do Ministério Público e da Polícia Federal no Brasil, que atuaram diretamente no golpe de 2016 orientados pelo FBI.
O FBI é hoje uma organização de grande proporção, possuindo um orçamento bilionário e cujo objetivo é perseguir os opositores e criticos do regime político no coração do capitalismo. Essa organização criminosa completa mais de um século de ataques aos direitos democráticos, não somente dentro dos próprios EUA, mas também contra os povos de todo o mundo.