O pano de fundo da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder, era a República constituída pela política do café com leite, onde São Paulo e Minas Gerais dominavam a arena política.
Por outro lado, a crise e depressão na economia mundial de 1929, levando a queda dos preços internacionais do café, principal produto exportador do país e maior fonte de renda.
Isso levou o presidente do estado de São Paulo, Júlio Prestes a ter uma política de comprar a produção de café através do Banespa, que se tornou o maior portador da safra do governo, causando problemas com as oligarquias de outros estados produtores.
Essa política tinha a intenção de garantir a renda dos cafeicultores devido a queda nos preços, os outros não tinham o mesmo tratamento que o estado de São Paulo dava aos cafeeiros.
As oligarquias estaduais, onde cada um dos vinte estados tinha um presidente, de acordo com o estabelecido na constituição da república, a chamada velha república que vigorou de 1889 a 1930, é quem determinava a sucessão presidencial, pois os partidos políticos não tinham representação nacional. O presidente em exercício é quem articula com os estados a indicação para a sua sucessão.
Nas eleições de 1930, uma notícia do New York Times de 29 de março de 1929, fez muita diferença. O jornal noticia que os cafeicultores de São Paulo fariam um banquete em Ribeirão Preto ao presidente de São Paulo, Júlio Prestes do partido Republicano Paulista e o apoiaram para presidência e contavam com o apoio dos demais estados produtores de café.
Pela política do café com leite, o próximo presidente deveria ser um mineiro, Antônio Carlos era o mais provável. Como ele rompeu com o compromisso de falar de eleições só a partir de setembro de 1929, enviando uma carta ao atual presidente da república, Washington Luís, indicando Getúlio Vargas para a presidência. Diz na carta que se tratava de uma proposta conciliadora, pois o candidato não era nem de São Paulo e nem de Minas.
O presidente inicia então o processo sucessório, indicando Júlio Prestes para seu sucessor. Teve apoio de 17 estados, menos o de Minas Gerais, da Paraíba e do Rio Grande do Sul. Aliás a palavra “NEGO” na bandeira da Paraíba é justamente por ter sido negado a indicação de Júlio Prestes.
Os dissidentes articulam uma frente ampla chamada Aliança Liberal, em oposição a Washington Luís e os 17 presidentes dos estados que apoiavam a candidatura de Júlio Prestes. A aliança liberal, com a candidatura de Getúlio, contou com o apoio dos tenentes (o tenentismo) e de intelectuais.
A crise se agrava e as eleições foram marcadas por muita violência, como o episódio promovido pelos “carlistas”, conhecido como o atentado de Montes Claros com mortos e feridos, o atentado da Rua do Espírito Santo e o assassinato do presidente da Paraíba, João Pessoa.
O resultado das eleições deram larga margem ao candidato da situação, Júlio Prestes. Foram mais de um milhão de votos contra pouco mais de 700 mil para o Getúlio.
O resultado foi amplamente contestado com alegação de fraudes, mas o presidente eleito tomou posse e voou para os EUA, sendo referendado. Os opositores começam a conspiração pela derrubada do governo, que dá início à revolução em 03 de outubro em Porto Alegre com a tomada do quartel general da 3ª Região com Osvaldo Aranha e Flores da Cunha no comando.
Entre batalhas país afora, os revolucionários tomam o estado e em novembro a junta militar passa o governo a Getúlio no palácio do Catete no Rio. A constituição foi suspensa e o presidente passou a governar por decretos. Cria o ministério do trabalho, indústria e comércio, dando ares do trabalhismo.
Foram derrubadas as oligarquias dos estados, menos a de Minas, e a república velha, dando início ao Estado Novo.
Modificou-se totalmente a forma de se fazer política no país, e o estado passou a intervir fortemente na economia.