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Os últimos anos de Trótski

21/08/1940: morre Leon Trótski, fundador da IV Internacional

Em 1928 Leon Trótski foi expulso da União Soviética por sua posição contrária ao stalinismo. Fundou a Quarta Internacional em 1938

Neste dia de 21 agosto comemoramos os 80 anos da morte do grande revolucionário Leon Trótski, um dos nomes mais importantes da Revolução de Outubro de 1917. Foi Comissário da Guerra do primeiro governo soviético e o criador do Exército Vermelho.

Neste artigo trataremos dos últimos anos de Trótski.

Após a morte de Lenin em 21 de janeiro de 1924 Stalin foi oficialmente empossado como o líder do Partido Comunista e da União Soviética. Em 1927 Trótski e Zinoviev foram expulsos do Comitê Central e em seguida do próprio Partido Comunista. Como Trótski se recusou a mudar suas posições contrárias ao governo de Stalin acabou sendo exilado.

Inicialmente foi para Alma Ata no Cazaquistão em 31 de janeiro de 1928. Em fevereiro de 1929 Trótski foi deportado da União Soviética e seguiu para o seu exílio na Turquia. Inicialmente viveu com sua esposa Natalia Sedova e o filho mais velho, Lev, no Consulado da União Soviética em Constantinopla e depois em um hotel próximo à cidade. Dois meses depois as autoridades turcas transferiram a família para a ilha de Büyükada. Neste local voluntários apoiadores de Trótski serviram de segurança para evitar ataques de oficiais do Exército Branco que viviam lá e que no passado foram combatidos pelos exércitos liderados por Trótski.

Em 1932 Trótski e sua família perderam sua cidadania soviética e foram proibidos de voltaram ao país. No ano seguinte foi oferecido a ele o asilo político na França pelo Primeiro Ministro Édouard Daladier. Trótski aceitou a oferta, mas foi proibido de morar na capital. De julho de 1933 a fevereiro de 1934 a família morou em Royan e logo de cara perceberam que estavam sob vigilância policial.

Logo após crise de 6 de fevereiro de 1934, uma manifestação de rua de extrema direita antiparlamentarista que ocorreu em Paris, o Ministro de Assuntos Internos francês Albert Sarrault assinou um decreto de deportação de Trótski. No entanto nenhum outro país parecia disposto a receber o revolucionário. Desse modo o governo francês resolveu instruir Trótski a se mudar para uma casa na pequena vila de Barbizon sob a estrita vigilância da polícia francesa, onde ele se viu privado de contato com o mundo exterior de uma maneira ainda pior do que estava em seu exílio na Turquia.

Nesse período Trótski aumentou sua produção escrita, concluindo obras fundamentais como sua autobiografia, “Minha Vida” (1930), “A História da Revolução Russa” (em dois volumes, 1931 e 1933), “A Revolução Permanente” (1930) e “A Revolução Traída” (1937). Neste último livro o revolucionário faz uma crítica ao stalinismo, traçando o desenvolvimento histórico da União Soviética após a morte de Lenin em 1924 e a ascensão de Stalin, que causa o surgimento de uma burocracia, uma classe acima dos trabalhadores. Trótski descreve a União Soviética sob Stalin como um Estado Operário Degenerado, que eventualmente teria que ser derrubado por uma nova revolução que restaurasse o caráter da revolução socialista ou então iria se degenerar ao ponto de regressar ao capitalismo, o que de fato foi o que realmente aconteceu.

Em maio de 1935 Trótski se mudou para a Noruega, onde permaneceu até o fim de 1937 sendo que seus últimos quatro meses no país foram em uma fazenda isolada cercada por guardas do governo que proibiu Trótski de enviar cartas e de se comunicar com outras pessoas. Em 9 de janeiro de 1937 Trótski e sua mulher chegaram a seu destino final, o México. Eles viajaram a bordo de um navio petroleiro, o Ruth e foram recebidos pelo presidente mexicano Lázaro Cárdenas.

Lá eles se instalaram na cidade do México em La Casa Azul, a residência dos pintores Diego Rivera e Frida Kahlo. Sua última mudança foi em abril de 1939, quando se mudou para uma casa a algumas quadras de distância de La Casa Azul, após um rompimento com Rivera.

No México Trótski manteve uma troca constante de comunicação com James P. Cannon, Joseph Hansen e Farrell Dobbs do Partido Socialista dos Trabalhadores (SWP), o partido comunista americano. Cannon foi um dos mais ferrenhos apoiadores de Trótski em sua luta contra o stalinismo.

A Quarta Internacional

Em 1938 Trótski e seus apoiadores formaram a Quarta Internacional, que surgiu como uma alternativa revolucionária e internacionalista em oposição ao Comintern stalinista. A Terceira Internacional, ou Comintern, existiu de 1919 a 1943. Após a tomada do poder por Stalin a organização mudou seu foco da imediata atividade por uma revolução mundial para uma defesa do estado Soviético. Foi aí que Stalin formulou sua teoria de “socialismo em um só país”, um pensamento totalmente contrário ao marxismo.

Inicialmente Trótski acreditava ser ainda possível combater a influência de Stalin na Terceira Internacional dentro da organização. Mas em 1930 os partidários do stalinismo acabaram expulsando todos os simpatizantes do trotskismo. A reação de Stalin quanto à influência de Trótski se traduziu no episódio conhecido como o Grande Expurgo. Foi uma violenta campanha de repressão política na União Soviética que ocorreu entre 1936 e 1938. Nesta luta pela consolidação de seu poder absoluto Stalin e seus aliados eliminaram dois terços dos quadros do Partido Comunista da URSS. Ao menos 5000 oficiais do Exército acima da patente de major, 13 de 15 generais cinco estrelas do Exército Vermelho e inúmeros civis foram todos considerados inimigos do povo e executados. Dos 139 membros dirigentes do Partido Comunista 98 foram também executados.

Durante o Grande Expurgo a polícia secreta da NKVD deteve mais de 1,5 milhão de pessoas, sendo que mais de 681 mil foram executadas, uma média de mil execuções por dia.

A Quarta Internacional foi fundada em Paris em 1938, onde Trótsky e seus seguidores consideraram a Comintern já perdida para o stalinismo, ou seja, completamente incapaz de levar a revolução socialista a outros países. Durante sua existência a organização foi perseguida por agentes da polícia secreta soviética, reprimida pelos países capitalistas e rejeitada como ilegítima pelos seguidores da União Soviética e posteriormente também pelos maoístas.

Em 1938 Trótski escreveu o “Programa de Transição”, um documento publicado pela primeira vez entre maio de junho daquele ano. Foi elaborado para o Congresso de fundação da Quarta Internacional que seria realizado em Paris em setembro de 1938. Neste documento Trótski apresenta as tarefas que as massas operárias têm a realizar para a preparação da tomada do poder.

Últimos dias de Trótski

Após uma tentativa frustrada de assassinato de Trótski em março de 1939 Stalin encarregou a NKVD (Comissariado do Povo para Assuntos Internos) de implementar um novo atentado. Para essa missão foram designados três agentes que viviam no México e nos Estados Unidos.

Em 24 de maio de 1940 Trótski sobreviveu a um ataque à sua vila por assassinos armados liderados pelo agente da NKVD Iosif Grigulevich e o pintor mexicano David Alfaro Siqueiros. Os seguranças de Trótski impediram o mal maior, mas no ataque o seu neto foi atingido no pé e um de seus guarda costas, Robert Sheldon Harte, foi capturado e depois morto. Por conta deste episódio Trótski escreveu o artigo “Stalin Quer A Minha Morte” em 8 de junho de 1940, na qual ele afirmava que era claro que haveria uma nova tentativa de matá-lo.

Em 20 de agosto de 1940 Trótski foi atacado em sua casa pelo agente espanhol Ramón Mercader com um picareta de alpinista. Ele não morreu imediatamente. Foi levado a um hospital e operado, sobrevivendo por mais um dia. Em suas últimas horas Trótski se manteve determinado e ainda ditou o seu testamento e mais artigos sobre estratégia política.

A casa em que Trótski viveu em Coyoacán na cidade do México foi preservada, exatamente como no dia em que ele morreu e é hoje em dia um museu com um túmulo no jardim com o símbolo da foice e martelo.

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