Trotsky explicou que as Frentes Populares eram a antessala do fascismo. E, o Massacre de Ezeiza dá mostras dessa política. O Massacre de Ezeiza foi um enfrentamento entre organizações armadas peronistas. Em 20 de junho de 1973, com a volta definitiva à Argentina de Juan Domingo Perón após 18 anos de exílio, a ala esquerdista, Montoneros, e a direitista sindical, CGT, enfrentaram-se pelo controle do palco de honra.
Não se tem estatísticas precisas de morte e de feridos. Estimativas feitas por parte da imprensa dizem que o conflito produziu 13 mortos e 365 feridos, o que nunca pôde ser confirmado, visto a ausência de investigação oficial sobre o episódio.
O peronismo foi uma frente popular típica. De um lado se define o peronismo como “coração de mãe”, onde há espaço para filhos dos mais variados perfis, também se sabe desde Caim e Abel que as diferenças entre “irmãos” na disputa por espaço podem resultar em embates por vezes mortais.
Tudo ocorreu em 20 de junho de 1973, quando o líder Juan Domingo Perón retornou a Buenos Aires, de seus quase 18 anos de exílio em Madri, e, na busca por espaço ao seu lado, peronistas de direita e de esquerda se digladiaram próximo ao aeroporto de Ezeiza, expondo divergências latentes no movimento.
Até hoje, 43 anos depois, não se sabe o número de mortos no confronto (estimativas variam entre 13 e 25 mortos, e mais de 365 feridos) nem a quantidade de pessoas que estavam no cenário onde ele se desenrolou. Há quem fale em 3 milhões, mais que 10% da população do país à época.
As lições vindas da Argentina nos dão mostras dos interesses inconciliáveis de classe, inútil tem juntar interesses desiguais numa mesma frente. E, como observou Trotsky a Frente Popular antecede e abre vaga para o fascismo. Foi o que aconteceu menos de três anos depois no país. Em 24 de março de 1976, chegou ao poder uma ditadura militar que deixou, segundo entidades de direitos humanos, 30 mil mortos e desaparecidos.
O massacre de Ezeiza foi o marco desse período e o aviso aos trabalhadores, sobre as classes alienígenas que marchavam, por um tempo, na mesma frente. Trótski havia analisado, até sua morte em 1940, apenas a frente popular na Espanha e na França. Não viveu o suficiente para ver o fenômeno se repetir também na Argentina.