No dia 18 de Fevereiro de 1962, dirigentes que haviam sido expulsos do Partido Comunista Brasileiro (PCB) fundam o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
Uma profunda crise política se instalara no PCB com as resoluções emanadas do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), realizado em 1956. As denúncias de Nikita Khrushchov sobre os crimes de Stálin, a linha política adotada de coexistência pacífica com o imperialismo e a luta por reformas em uma “via de transição pacífica” do capitalismo ao socialismo fazem explodir a crise interna no mais importante partido político da esquerda nacional da época.
Em março de 1958, o Comitê Central do PCB divulga o documento Declaração Política, mais conhecido como Declaração de Março, que orienta a ação no sentido do “caminho pacífico ao socialismo”. Essa linha política é reafirmada no V Congresso, em 1960, que estabelece a atuação partidária nos quadros do sistema político vigente, isto é, o PCB limitaria-se à luta por reformas e se enquadraria estritamente nos marcos da democracia burguesa. Nesse sentido, a luta pela revolução proletária, com a tomada do poder pelo proletariado, era abandonada em prol de uma política reformista e conciliatória com a burguesia nacional.
No decorrer do V Congresso, um grupo que se opôs à mudança do nome do Partido fora afastado das atividades partidárias. O grupo liderado por Diógenes Arruda, João Amazonas, Maurício Grabois e Pedro Pomar considerava a linha política adotada como abertamente revisionista, pois renegava o princípio do internacionalismo proletário, a doutrina da luta de classes do marxismo-leninismo e, consequentemente, a própria luta revolucionária. A publicação da Carta dos Cem, por sua vez, selou a expulsão do grupo das fileiras do PCB.
Em 1962, o grupo convoca uma conferência nacional extraordinária e funda o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), para se distinguir do PCB. João Amazonas é eleito o primeiro secretário-geral do Partido e, no mês de março, ressurge o jornal A Classe Operária.
O recém-fundado PCdoB vai buscar o alinhamento com o maoismo chinês e adota a tática da luta guerrilheira. A Guerrilha do Araguaia, organizada pelo PCdoB, é o mais importante movimento de luta guerrilheira no campo contra a ditadura militar e sobrevive a duas expedições de extermínio promovidas pela Forças Armadas. Nos anos da ditadura, o PCdoB tem vários de seus dirigentes torturados e assassinados, e o episódio do Massacre da Lapa é um dos mais significativos da política de tipo fascista implementada pela ditadura contra a esquerda, que visava seu extermínio definitivo.
O racha é resultado da adaptação do PCB aos marcos do regime democrático-burguês e da política de conciliação de classes de sua direção, que seguia as diretrizes do stalinismo na URSS.