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Nasce um monopólio

16/09/1908: é fundada a General Motors, monopólio capitalista

General Motors é um dos maiores e melhores exemplos de monopólio. Sua história deve ser estudada com detalhe para entender o papel decadente do capitalismo no século XX

A data de hoje marca os 112 anos de fundação de um dos maiores monopólios capitalistas, a General Motors Company (GMC). Fundada em 16 de setembro de 1908, por William Crapo Durante, a empresa americana é, hoje, a quarta maior montadora automobilística do mundo, atrás apenas de Volkswagen (Alemanha), Daimler (Alemanha) e Toyota (Japão).

Comum aos monopólios, a GMC é dona, atualmente de uma grande diversidade de marcas de automóveis, como Chevrolet, Buick, GMC e Cadillac, além de outras marcas utilizadas para facilitar a entrada de carros da montadora em alguns países.

Através do estudo da história da GM é possível entender como o capitalismo funciona sob o controle dos monopólios.

Em 1886, 22 anos antes da fundação da General Motors Company, William Durant, seu fundador, comprou, pela soma de 1500 dólares americanos (uma fortuna, se ajustada aos valores de hoje) a Coldwater Road-Cart Company, uma empresa de veículos movidos a cavalo. Junto com Josiah Dallas Dort, fundou a Durant-Dort Company, que, em 1900, tornou-se a maior montadora de veículos dos Estados Unidos. Isto permitiu que Durant, que já era de família rica, pois seu avô, Henry Howland Crapo, era dono de uma madeireira e chegou a ser governador de Massachussets, acumular ainda mais capital.

O dono da Flint Wagon Works, principal concorrente da Durant-Dort Company, James H. Whiting, vendeu a Durant, em 1904, sua empresa de automóveis, a Buick Motor Company (ainda pertencente a GMC). Em 1908, ele funda a General Motors Company como uma holding, que logo permitiria incorporar outras empresas.

Sobre a questão das incorporações, é necessário explicar que isto é algo bastante trivial e esperado do capitalismo desde o início do século XX, quando surgem os grandes monopólios. O capitalismo entra em estado de decadência quando as empresas, antes concorrentes, incorporam umas às outras, tornando impossível, na grande maioria dos setores, o surgimento de novas empresas. Assim, criaram-se os gigantes monopolistas, como GMC, P&G, Pepsico, Coke, Google, Facebook, Microsoft e outros. Estas empresas utilizam seu poderio financeiro para, influenciar nos Estados burgueses de todo mundo, seja pelo meio que for necessário, e assimilar empresas que possam vir a ser suas concorrentes. O último caso é, hoje, muito presente nas empresas de tecnologia para internet, mas aplica-se às demais também.

Durant não era fã de automóveis, principalmente porque não gostava do cheiro de combustível queimado, entretanto, viu que a regulação dos automóveis pelo governo americano, que forçava as montadoras a fazerem carros mais seguros (os carros mais antigos não possuiam dispositivo de segurança algum), seria uma oportunidade. Isto motivou a aceitar a proposta de venda da Buick e a fundação da GMC.

Entre 1908 e 1910, a GMC, através de diversos empréstimos adquiriu montadoras como Oldsmobile, Cadillac, Oakland, Elmore, Cartecar, Welch, Rainier, Reliance e Rapid, além de várias fabricantes de peças automotivas. Durant, chegou ao ponto de tentar, em 1909, tentar comprar sua maior concorrente, a Ford Motors Company, mas não conseguiu o feito, pois os bancos não quiseram emprestar a GMC a soma de 8 milhões de dólares (um valor completamente fora da realidade), além da negativa da mesa de diretores da companhia.

Devido à vultuosa dívida adquirida neste período, em 1910, Durant é removido da mesa de diretores da GMC pelos banqueiros credores dos empréstimos ao pressionarem os demais diretores pela retirada de Durant da empresa. Tem-se aí mais uma falácia capitalista desmistificada. Durant, que fundou a GMC, foi removido da própria empresa que fundou devido à pressão do capital, ou seja, sua posição, na empresa, se dava por um fator político e não pela competência do mesmo.

Durant só retornaria a empresa em 1916 devido ao apoio de capitalistas como R S McLaughlin e Pierre du Pont. Porém, em 1921, foi demitido, de uma vez por todas, da General Motors.

Até 1930, a GMC continuou seu ímpeto monopolista ao adquirir a Hertz, uma das maiores empresas de aluguéis de automóveis, junto com suas subsidiárias, o que permitiu à GMC entrar no mercado de ônibus. Foi realizada também a entrada nos mercados britânico e australiano através da compra da Vauxhall, vendida recentemente para Peugeot-Citröen, e da Holden (a ser extinta em 2021).

Deve-se lembrar que este período foi a grande depressão, onde houve a quebra de várias empresas e empobrecimento da população. Então, tem-se um fato novo no capitalismo, onde os monopólios, por seu tamanho, em uma crise, utilizam seu capital para aumentar de tamanho, criando um cenário pós-crise de ainda maior concentração de capital.

Entre 1931 e 2007, a GMC foi a maior montadora automobilística do mundo. Este acúmulo de capital, fez com que a companhia, durante os anos 30, se expandisse para a produção de aeronaves, através da compra da subsidiária americana da Fokker (Alemanha), e a produção de trens diesel-elétricos, através da compra da Electro-Motive Corp. e da Winton Engine.

Ainda nos anos 30, a GMC esteve envolvida em 2 grandes escândalos.

O primeiro foi o “grande escândalo norte-americano dos bondes”, onde GMC, Firestone, Standard Oil of California e Phillips Petrolleum foram indiciadas por formar uma sociedade de propósito específico, a National City Lines (NCL), para comprar uma série de empresas de bondes e depois liquidá-las, incentivando, assim, o uso do automóvel e do ônibus ao reduzir a oferta de transporte público por bondes. Como resultado final do processo, a GM teve de pagar o valor irrisório de 5 mil dólares americanos, enquanto seu tesoureiro teve de pagar 1 dólar (isto mesmo, um dólar).

Este escândalo mostra toda a força dos monopólios do petróleo e da indústria automobilística. No Brasil, sentimos isto com a destruição da nossa via férrea, o que reduziu completamente a capacidade logística do país, hoje dependente das estradas e dos caminhões, um meio muito mais caro e ineficiente para o escoamento da produção, especialmente no Brasil, onde grande parte da produção agrária para exportação está no interior do país.

Em 1935, formou-se o sindicato Union Auto Workers (UAW), que é composto por trabalhadores de montadoras automobilísticas de Estados Unidos e Canadá. Porém, em 1936, o sindicato organizou a ocupação de diversas fábricas da GM. A polícia, cuja única função é defender os interesses da burguesia, tentou entrar na fábrica em Flint para prender os grevistas. A greve só acabou completamente em 1937, quando a empresa reconheceu a UAW como representante exclusiva dos seus trabalhadores.

A GMC também tem uma história bastante polêmica na Segunda Guerra Mundial. Em 1938, James David Mooney, executivo senior da empresa, recebeu a Ordem de Mérito da Águia Alemã como reconhecimento pelo seu trabalho ao reich.

Segundo o Washington Post, através de documentos e investigações do exército americano após a guerra, Mooney manteve conversas com Hitler duas semanas após a invasão à Polônia. Ele também teve papel decisivo na conversão parcial da fábrica da GM em Russelheim para fabricação de bombardeiros alemães.

Empresas americanas, como a GM e a Ford continuaram a ter participação nas suas subsidiárias alemãs até 1941, quando os Estados Unidos entram na Segunda Guerra. Entretanto, ao fim da guerra, a GM recebe 32 milhões de dólares americanos do governo dos Estados Unidos por danos às suas fábricas na Alemanha.

A Segunda Guerra, como um todo, foi bem lucrativa para a GM, que também ganhou contratos nos Estados Unidos e Reino Unido para produção de veículos de guerra. Como se vê, a única pátria dos capitalistas é o lucro e, por ele, farão qualquer sacrifício.

Os lucros da GM sofreram um impacto durante a recessão dos anos 1970 e 1980. Em 1981, a UAW acabou cedendo aos capitalistas e aceitou uma série de concessões, que junto a pesados investimentos em automação, permitiu aos patrões da GM recuperar sua lucratividade.

A recessão (mais uma) de 1990, somada à Guerra do Golfo, fez com que a GM cortasse custos (leia-se demitir trabalhadores). Isto levou, em 5 de junho 1998, após os lay-offs na fábrica de Flint (a mesma que fora ocupada nos anos 30), a uma greve não apenas em Flint, mas em outras 5 fábricas. A greve durou 7 semanas. O peso desta greve foi tão forte que afetou indicadores econômicos dos Estados Unidos. Isto é a prova definitiva e definitória da força das greves e as tornam numa das melhores armas da classe trabalhadora contra a burguesia e o grande capital.

Em 2006, a empresa voltou a reduzir seu número de funcionários através de uma proposta de demissão voluntária. Proposta esta que foi aceita por cerca de 35 mil trabalhadores, excedendo as expectativas da empresa.

Outra greve ocorreu 17 anos mais tarde, 2007, quando ao UAW convocou uma greve nacional contra a montadora. As negociações, e a greve, chegaram ao fim dois dias depois.

Tendo perdas significativas em fevereiro de 2008, a GM ofereceu outro acordo de demissão voluntária, dessa vez, a todos os empregados filiados ao UAW.

Com o estouro da bolha do mercado imobiliário norteamericano e a subsequente crise de 2008, a GM, falida, foi obrigada a vender diversas de suas subsidiárias. As partes ainda lucrativas da empresa foram adquiridas por uma nova pessoa jurídica com apoio do Tesouro dos Estados Unidos, ou seja, dinheiro da classe trabalhadora.

O episódio da reestruturação da GM e de outros grandes monopólios, em 2008, é a evidência definitiva de que o capitalismo é um sistema podre e decadente, que parasita o estado e as riquezas geradas pela classe trabalhadora em beneficío de uma pequena parcela da população. Enquanto milhões perderam suas casas e seus empregos, alguns poucos mantiveram o que tinham ou, ainda pior, aumentaram suas riquezas.

A história da GM é um ótimo exemplo para demonstrar as diferentes etapas do capitalismo no século XX e XXI, especialmente o comportamento dos monopólios e como estes são verdadeiros parasitas e que devem ser esmagados, assim como o sistema capitalista como um todo.

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