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Dia de Hoje na História

15/11/1969: protestos massivos contra a guerra no Vietnã

A grande mobilização realizada na capital norte-americana mostra o caminho na defesa de Gaza

Faz 54 anos que se teve mais uma comprovação de como a mobilização popular pode reverter a ação nefasta do imperialismo. Um exemplo que pode ajudar a orientar as campanhas pela libertação da Palestina das garras do Estado sionista

Em 15 de novembro de 1969, na capital norte-americana, mais de 500 mil pessoas se reuniram para exigir que o presidente Richard Nixon tirasse as forças armadas dos Estados Unidos da América do Sudeste Asiático, sem contar as outras manifestações por todo país.

O envolvimento americano visava impedir que o líder comunista Ho Chi Mim conseguisse a unificação do povo vietnamita. A França havia se retirado da região, aceitando a independência do Vietnã e das suas outras ex-colônias do Sudeste Asiático, Camboja e Laos. Contudo, o imperialismo obrigou que o Vietnã fosse dividido em dois, com o norte controlado pelo partido comunista vietnamita e o Sul por políticos ligados a França.

Entre 1955 e 1964, a participação dos EUA foi crescendo por meio do envio dos chamados “conselheiros militares”, chegando ao total de 23 mil presente no Vietnã do Sul para enfrentar os guerrilheiros comunistas.

A farsa do Golfo de Tonquim em agosto de 1954 permitiu que o presidente Dwight D. Eisenhower, liberado pelo Congresso Nacional, aumentasse significativamente a presença militar, mesmo sem a necessidade de uma declaração formal de guerra.

O aumento da presença militar norte-americana também provocou a surgimento de uma oposição a este conflito que foi ganhando adesão de vários setores e movimentos sociais.

Iniciado por setores pacifistas como os religiosos “Quaker”, foi crescendo com a determinação do alistamento militar a partir de maio de 1965, principalmente nas universidades.

Ganhou destaque a queima pública de cartões de alistamento militar, tanto que, em 31 de agosto, Jonhson aprovou uma lei que tornava crime a queima de cartão de recrutamento. Com isso, mais de 210 mil homens foram acusados de crimes relacionados com o recrutamento.

Em novembro de 1966, em Nova Iorque, foi criado o “Comitê da Mobilização da Primavera para o término da Guerra no Vietnã” (Spring Mobilization Committee to End the War in Vietnam) para coordenar os esforços de várias organizações. O comitê convidava grupos como os dos direitos civis e mesmo já existentes pela paz e antiguerra para unir suas ações e atividades.

É possível encontrar o comunicado de criação na Internet onde eles chamavam as famílias dos convocados, os ex-combatentes, os negros e outras minorias que eram chamados a defender uma “democracia que nunca existiu”, os trabalhadores afetados pela inflação e pela pressão para não aumentar suas remunerações e nem realizar greves, os fazendeiros afetados pelo aumento dos seus custos e das taxas sobre a sua terra, os profissionais e os homens de negócios que estava sendo afetados negativamente pela guerra, e religiosos, além de todos os americanos que desejavam o fim do matadouro sem sentido dos convocados e o assassinato em massa de vietnamitas.

Em abril de 1967, no dia do aniversário da criação da Organização das Nações Unidas, eles organizam duas marchas simultâneas, um em Nova Iorque, em direção a sua sede, e outra em São Francisco. A marcha novaiorquina saiu do Central Park até a sede da ONU e teria reunido aproximadamente 125 mil pessoas, enquanto em São Francisco foram 60 mil pessoas que se dirigiram ao Estádio Kezar, no Parque da Ponte Golden Gate.

O sucesso das passeatas provocou que, em maio, o Comitê passasse a se chamar Comitê Nacional para o fim da Guerra no Vietnã.

Continuando a agitação, o “Mobe”, como ficou conhecido, já convocou uma nova marcha, desta vez em Washington, para outubro daquele ano. Logo em 21 de outubro, o comício no Memorial do Presidente Lincoln teria reunido 100 mil pessoas, com metade indo em direção ao Pentágono, onde tinha a intenção de ocuparem os seus degraus e uma parte até tentou invadir, enfrentando os 5 mil militares que faziam uma barreira no prédio para impedir a intenção dos manifestantes, provocando a prisão de 700 pessoas.

Em janeiro de 1968, ocorre um evento que também ajuda a mobilização, pois impactou a população norte-americana, a ofensiva do Tet. Uma ação ofensiva dos guerrilheiros vietnamitas atacando várias cidades do Vietnã do Sul, inclusive a embaixada dos EUA em Saigon. A ofensiva foi derrotada militarmente, mas foi uma vitória politica visto que o posicionamento do governo era que a guerra ia terminar logo, uma ilusão que se desfez com a ofensiva dos vietcong.

Tanto que o candidato republicano Richard Nixon prometeu que, se fosse eleito, iria busca uma “paz honrada”. Procurando manter a pressão sobre o governo, o Mobe marcou uma marcha no dia da posse de Nixon, em Washington, conseguindo reunir dez mil pessoas. A repressão foi bastante violenta, repetindo a violência ocorrida em Chicago durante as convenções do Partido Democrata em agosto de 1969, onde, durante uma semana, os manifestantes se chocaram com os militares e policiais, visto que o prefeito garantiu que iria manter a lei e a ordem a todo custo.

Estes acontecimentos fizeram o Mobe entrar em crise e acabar sendo dissolvido.  Contudo, passado quatro meses na presidência, iniciada em janeiro de 1969, não existiam medidas efetivas para o fim da Guerra.

Inicialmente, o ativista Jerome Grossman, antigo coordenador da campanha do candidato Eugene McCarthy propôs uma greve geral se o país continuasse na guerra até outubro de 1969.

A proposta foi considerada radical e inviável por Sam Brown, ex-porta-voz da Associação Nacional de Estudantes e coordenador da juventude na campanha de McCarthy, que capitulou e propôs uma grande manifestação aos moldes do Mobe.

Assim, foi formado um novo comitê visando trazer mais grupos e realizar manifestações ainda maiores que ultrapassem os campus universitários e englobassem as maiores comunidades. Eles procuram chamar todos os grupos que pudessem aderir, mesmo que entre si tivessem diferenças ideológicas, tais como movimentos dos direitos civis, igrejas, sindicatos, associações de empresários e políticos, ultrapassando a chamada “contracultura hippie” e o movimento “New Left”, uma esquerda não marxista. O importante era exigir o fim da guerra.

Primeiro foi organizado um grande dia de mobilização no dia 15 de outubro de âmbito mundial. Ocorreram manifestações em 200 cidades com uma crescente adesão de ex-combatentes. As maiores concentrações ocorreram em Washington, com 250 mil pessoas, em Nova Iorque, com 250 mil pessoas, e Boston, em torno de 100 mil. No total, foram dois milhões de pessoas no país inteiro.

Levando em conta que Nixon tentou minimizar as manifestações, inclusive realizando um discurso em 3 de novembro no qual pediu que se manifestasse o apoio da “maioria silenciosa” em relação à sua política no Vietnã.

Em resposta a esta posição, começou a se organizar uma nova marcha até a Casa Branca em Washington para 15 de novembro. O surgimento da notícia do massacre realizado por soldados norte-americanos na vila camponesa de My Lai deu um impulso adicional à mobilização.

Como preparação, realizou-se, na noite de quinta-feira, dia 13, uma caminhada silenciosa em fila indiana a partir do Cemitério Nacional de Arlington, se deslocando pela Avenida Pensilvânia, passando pela frente da Casa Branca e se dirigido para o Capitólio, onde está o Congresso Nacional. Cada manifestante, aproximadamente 4 mil, carregava uma vela acesa e uma placa onde estava escrito o nome de um americano morto na guerra ou uma vila vietnamita destruída. O silêncio da marcha era quebrado pelo som fúnebre dos tambores que acompanhavam a marcha durante as 36 horas anteriores ao grande ato. Os cartazes eram colocados em caixões que seriam carregados no sábado.

Neste dia, a concentração alcançou números inéditos e até inesperáveis, pois o total foi de 500 mil pessoas. Segundo Robert Levering, houve um grande preparo para que quase 4 mil militantes servissem como orientadores, que realizaram um treinamento de uma hora e meia com os participantes de modo a saberem como reagir contra potenciais tumultuadores tais como policiais, agentes provocadores ou ativistas extremados.

O ato durou praticamente o dia todo com apresentações musicais, teatrais e discursos. Ocorreram alguns confrontos, o principal foi quando dez mil pessoas foram para o Departamento de Justiça sendo atacados pela polícia com gás lacrimogêneo.

A grande concentração de pessoas nos dois atos inviabilizou o plano de Nixon de estender a guerra até que o Vietnã do Norte aceitasse a derrota, como ele próprio reconhece nas suas memórias. Contudo, é preciso admitir que estas manifestações, mesmo que tenham aumentado exponencialmente o sentimento de antiguerra nos EUA, não impediu que a guerra se estendesse por mais quatro anos.

Já estava claro que os EUA não venceriam mesmo tendo enviado mais de um milhão e meio de soldados com 58 mil mortes, sem contar as mais de 2 milhões de mortes de vietnamitas ao final do conflito. Ainda assim, as manifestações estimularam a redução do efetivo militar norte-americano no Vietnã.

O episódio mostra que a mobilização popular é uma maneira efetiva de se confrontar com o imperialismo e as suas guerras de procuração contra os povos dos países oprimidos. Neste momento, com o povo palestino sendo massacrado na Faixa de Gaza em um processo claro de genocídio, é necessário assumir a tarefa de promover as manifestações de apoio ao povo palestino e as organizações armadas que estão em luta contra o Estado sionista.

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