Entre 15 e 20 de abril de 1906 realizara-se um congresso que marcaria a história da classe operária. Organizado no Rio de Janeiro, o evento lotou a rua da Constituição, Centro. À época, o movimento operário reivindicava a redução da jornada de trabalho, melhores condições de trabalho e aumentos salariais.
Embora o modelo econômico ainda fosse substancialmente agroexportador, com uma população urbana crescente recém saída de uma sociedade escravocrata e com restrita participação política, a intermitente industrialização, composta de trabalhadores nativos, somada à experiência sindical – dos imigrantes europeus, principalmente italianos, espanhóis e portugueses, dava novos ares ao país. Das greves de 1903, no Rio de Janeiro, revelou-se a necessidade de um órgão capaz de coordenar o movimento das diversas categorias da classe trabalhadora. Neste mesmo ano, surge a Federação das Associações de Classe – inspirado no sindicalismo de Émile Pouget, então secretário-geral da CGT francesa. Além da influência da CGT, a Federação Operária Regional Argentina (FORA) – com profusa influência anarco-sindicalista. Essa influência, portanto, levaria ao Congresso, em 1906.
O evento contou com a presença de 43 delegados e 28 sindicatos. A primeira questão a ser discutida foi acerca da neutralidade dos sindicatos. Deduziu-se daí, que o interesses econômicos da classe operária eram a única base sólida de acordo e de ação. Por conseguinte, foi decidido que o Primeiro de Maio deveria ser um dia de protestos e não um dia festivo. Se entre 1850–1900, as sociedades mutualistas, associações, uniões e círculos compreendiam o grau de desenvolvimento do movimento operário, entre 1900–1930, houve um intenso aumento dos sindicatos; período este marcado pela formação de centrais sindicais [COB – Central Operária Brasileira (1908)] e confederações operárias. Surgiria daí as primeiras comissões de fábricas – organizações por local de trabalho, internas à empresa. O evento representava um marco não somente no amadurecimento da classe operária, mas na transformação do caráter ideológico do movimento operário. Naquele momento, além das correntes trabalhista, dos socialistas revolucionários e reformistas (1889–1990), entravam os anarco-sindicalistas (maioria) e os sindicalistas cristãos tradicionais (1900 e 1920).
O I Congresso Operário Brasileiro foi um marco na história da classe operária. Na ocasião, o internacionalismo sindical refletia, de acordo com o grau de maturidade das organizações operárias, as constantes transformações de base econômica no seio da classe trabalhadora.